O programa “DR com Demori”, que vai ao ar nesta terça-feira
(26/03), às 21h30, na TV Brasil, traz uma conversa com João Candido Portinari,
matemático com doutorado em Engenharia de Telecomunicações. O professor e
escritor é o único filho do artista plástico Candido Portinari e dedica-se há
décadas ao projeto de catalogar e democratizar o legado de seu pai, o Projeto
Portinari. Esta edição integra a nova fase do programa, que desde o início de
março tem uma hora de duração na grade de programação da emissora pública.
Durante o bate-papo, o convidado compartilha detalhes sobre o
Projeto Portinari, que visa localizar e tornar acessíveis ao público as obras
de seu pai. Com mais de 95% da produção de Candido Portinari em coleções
particulares, o projeto já catalogou mais de 5.400 obras em seus 45 anos de
existência. João relata a descoberta da obra "Baile na Roça", que seu
pai havia vendido quando jovem e foi encontrada após anos de busca.
O entrevistado fala sobre as suas memórias de infância e
conta que o pai considerava o momento de produção de um quadro como um ofício,
"você podia lamber a mesa onde ele estivesse pintando. Tudo era
rigorosamente limpo. Ele se preparava para pintar com um terno branco de panamá
e um colete de brocado, em casa, todos os dias".
Além das memórias pessoais, João Candido discute a
diversidade temática presente na obra de seu pai, que abrange desde questões
históricas e sociais até retratos da vida cotidiana brasileira. "Quando
você olha a temática de Portinari, você tem o tema histórico, o tema social, o
tema religioso, o trabalho no campo e na cidade, a infância, a festa popular,
os tipos populares, a fauna, a flora e a paisagem. É um grande retrato crítico
do Brasil", afirma.
Na conversa, o professor fala ainda sobre os painéis
"Guerra e Paz" que estão na sede das Nações Unidas desde 1956. João
Candido comenta que o pai morreu profundamente magoado pois não pode ver os
murais instalados em Nova Iorque. Na época da inauguração, Portinari não teve o
visto autorizado pelos Estados Unidos, que exigiam que o artista declarasse não
ser comunista, o que não foi aceito por ele. Somente no ano seguinte os quadros
foram instalados em uma pequena cerimônia. Portinari morreu em 6 de fevereiro
de 1962, aos 58 anos, em consequência do envenenamento pelo chumbo presente nas
tintas que usava.