Primeira mulher eleita para governar o Estado de Pernambuco,
Raquel Lyra é a entrevistada no “CNN Entrevistas” que será exibido neste sábado
(27/04), às 18h30, na CNN Brasil.
Na entrevista dada ao âncoras Iuri Pitta e Carol Nogueira,
Raquel, 45 anos, fala da questão emergente da violência criminal e da própria
violência que ela sente sofrer por conta de sua atuação na política. “Todos os
dias eu sofro violência política. E gabaritei já sobre isso", observa. Ela
já foi por duas vezes prefeita de Caruaru/PE, além de deputada estadual,
procuradora do Estado e ex-delegada da Polícia Federal.
Raquel diz ter certeza de que o fato de ser mulher dificulta
seu trânsito na política. “E qualquer mulher que está na política sofre também.
E qualquer uma que queira se colocar para disputar um mandato, e quanto mais
ser governadora de um Estado que nunca elegeu uma mulher”, afirma. Ela lembra
que, no seu caso, também foi a primeira vez que no Brasil foram eleitas a
governadora e sua vice, em referência à vice-governadora, Priscila Krause
Branco.
Para a governadora, o Brasil ainda está muito atrasado nessa
questão. “E é claro que quem comanda partidos políticos hoje no Brasil, em sua
imensa maioria, são homens. E é difícil na forma de mulher fazer política,
muitas coisas são discutidas e decididas para além da mesa que a gente senta. E
passa por discussões por homens”, acredita.
Diante de um cenário de aumento de quase 25% de mortes
violentas intencionais em Pernambuco, Raquel Lyra diz que houve um
desinvestimento em segurança pública nos últimos anos no Estado que ela
governa. “Nós temos o pior sistema penitenciário do Brasil”, constata. “Nós não
temos investimentos em segurança pública há muitos anos em PE. Segurança
pública agora é prioridade em Pernambuco. Teremos investimentos de R$ 1 bi na
segurança pública. E faremos a criação de novas vagas em presídios. A mudança
não se dá do dia para a noite. E o que eu tenho dito que nós não vamos arredar
o pé, não vamos dormir enquanto não devolvermos a paz e a segurança a
Pernambuco”, afirma.
De acordo com a governadora, no Estado o crime é demandado de
dentro do presídio, o que levou a uma prática de isolamento dos principais
criminosos. “Então, isso é enfrentamento. É combate ao crime organizado. E não
se faz com discurso. Ele só existe enfrentando o problema, garantindo recursos
para ele”, defende.
Raquel Lyra vai além da questão estadual e alerta que o
combate ao crime organizado precisa ser uma política estratégica do Governo
Federal para que o território brasileiro não seja espaço absorvido pelo crime
organizado. “A gente entre fazer o indiciamento de um relatório de um inquérito
e ter o julgamento no júri, é uma eternidade. Cerca de seis, dez anos. Nós precisamos
reduzir esses prazos”, argumenta, lembrando que isso precisa ser tocado pelo
Congresso Nacional. “Porque não adianta prender e ser solto no dia seguinte.
Isso é o grande desestímulo que existe na segurança do país”, arremata.
A governadora abordou sobre pobreza, desigualdade e a falta
de investimentos no seu Estado, que teria parado de crescer e, ao parar de
investir, perdeu a capacidade de liderança de temas importantes para o País e
para a região.
Outras questões foram tratadas na entrevista como cotas para
o Legislativo, o clima de polarização política no País, as próximas eleições e
seu papel dentro do seu partido, o PSDB.