Pedro Bial recebe Ney Matogrosso no “Conversa com Bial” desta
quinta-feira (24/04), no GNT e na TV Globo. A entrevista faz parte de uma série
que celebra os 60 anos da TV Globo, no ar durante toda essa semana. O bate-papo
conta ainda com uma apresentação musical de Como 2 e 2 e participação de
Jesuíta Barbosa, que protagoniza o filme Homem com H, biografia de Ney
Matogrosso que chega aos cinemas em maio.
Com referências do teatro, o cantor reflete sobre o seu estilo
de interpretação musical. “Ninguém tinha cantado e vestido do jeito que eu me
vestia. Ninguém tinha cantando com o rosto escondido como eu. Acho que muita
coisa foi atiçando o povo”, diz. O artista relembra também a projeção que o
Secos & Molhados ganhou depois da exibição do musical na década de 70. “Foi
assim, o programa passou no Fantástico e ali começou, detonou. Nunca tinham
visto aquilo”, conta.
Ele é o artista vivo com mais músicas em abertura de novelas.
Ao todo são oito, atrás apenas de Rita Lee com nove. Em “Vale Tudo”, Ney
interpreta a música “Quase um Segundo”, escrita por Herbert Vianna, e gravada
pelos Paralamas do Sucesso, Cazuza e Gal Costa. Ele revela como prepara a
leitura de uma nova interpretação. “Se eu vou cantar uma música que essas
pessoas cantaram, eu tenho que oferecer outra leitura. E a leitura, eu faço
dentro de mim”, afirma.
Sua primeira abertura, Bandido Corazón, foi feita para a
novela Despedida de Casado, que acabou não estreando por ter sido censurada
pela Ditadura Militar. Durante a conversa, Ney compartilha uma história
marcante do período. “Eu tinha uma coisa que eu queria confrontar aquela
história [da ditadura], eles próprios tinham problemas com a minha figura,
vieram me dar uma dura um dia. Fomos chamados [junto com o grupo Secos e
Molhados] para um jantar em São Paulo e disseram que não poderíamos cantar e dançar
porque o que fazíamos parecia que éramos um grupo de homossexuais [...], se eu
parasse de fazer aquilo, não sabia fazer outra coisa [...]”, desabafa.
O artista também relembra o uso da máscara no início da
carreira. “Era para me poupar do desprazer de não andar na rua, porque diziam
que artista não andava na rua [...]. Depois do show no Maracanãzinho [com o
Secos e Molhados, em 1974], estava na praia e ficava só ouvindo as pessoas
falarem ao meu respeito”, salienta.
No segundo bloco, Jesuíta Barbosa, que interpreta Ney na
cinebiografia Homem com H, comenta sobre como se identifica com o cantor em uma
certa insubordinação a definições. “Eu percebo que tem algo muito genuíno na
corporeidade desse homem desde sempre. E isso aparece no trabalho do Ney de uma
forma muito clara, muito bonita de ver. E eu também sempre tive vontade de ser
o que eu era, não colocar nenhuma amarra”, frisa.
Conversa com Bial vai ao ar de segunda a sexta-feira às 23h45
no GNT e após o Jornal da Globo na TV Globo. O programa tem apresentação e
redação final de Pedro Bial, direção de Fellipe Awi e Mairo Fischer e produção
de Anelise Franco. A direção de gênero é de Mariano Boni.