Um papa é mais que um representante religioso, mas uma figura
política com ascendência sobre a sociedade global há séculos. A avaliação é do
filósofo Mário Sérgio Cortella, que analisou o processo de escolha do novo
pontífice que comandará a Igreja Católica após a morte de Francisco. A conversa
com as jornalistas Elisa Veeck e Thaís Herédia vai ao ar neste sábado (26/04),
às 21h, na CNN Brasil.
Para Cortella, o papa ideal será atento às questões que
movimentam hoje a política global, como meio ambiente e imigração. “Religiosamente
e na teologia, não afeta ele ser assim ou assado. Mas, na presença como vida na
sociedade, isso importa”, afirma. “Um papa enfraquecido seria extremamente
danoso se imaginamos tudo que precisará ser enfrentado”, observa.
O filósofo também cita desafios como governos autoritários em
países de forte presença católica, usando como exemplo as Filipinas. “Aí você
tem estruturas que já foram mais autoritárias, e não têm tanto esse
enfrentamento. Pode haver de um lado o apoio àquela demolição do que é
necessário e, de outro, apenas uma conivência”, diz.
Cortella avalia que o conclave terá como grande novidade a
presença dos cardeais no mundo digital. “Antes, alguns só se encontravam ali.
Hoje, também existe isso, muitos não se conhecem pessoalmente, mas hoje você
dialoga, conversa, manda mensagem. Ninguém chega desinformado ou perdido”,
explica.
Como legado de Francisco, o filósofo cita a simplicidade
manifestada no caixão de madeira comum escolhido pelo pontífice. “Ele tinha uma
mensagem: quem vem depois de mim, tome atenção para não ter uma ostentação
exagerada. Ele carregava a própria pasta, pagava a conta dele”, conclui.