Em celebração à Niède Guidon, que faleceu na última
quarta-feira (04/06), aos 92 anos, o “Caminhos da Reportagem” reexibe o
episódio "Pré-história brasileira: um tempo a ser descoberto" nesta
segunda-feira (09/06), às 23h, na TV Brasil, sobre a contribuição da arqueóloga
para o debate da origem do ser humano nas Américas.
Em entrevista exibida originalmente em 2016, a conclusão da
pesquisadora é que a povoação do continente americano começou muito antes do
que as teorias tradicionais apontam. "Nós temos fogueiras encontradas na
base rochosa do sítio da Pedra Furada (no Parque Nacional Serra da Capivara, no
Piauí) e ferramentas de pedra lascada (...) de 120 mil anos, o que mostra que
os homens já estavam aqui nessa época", explicou.
Ainda de acordo com Guidon, os primeiros habitantes do
continente não chegaram à região pelo Estreito de Bering (canal entre a Sibéria
e o Alasca que liga os oceanos Ártico e Pacífico), como aponta a teoria
clássica, mas sim pela África, atravessando o Oceano Atlântico.
"O Atlântico, nessa época, estava 60 metros abaixo do
nível de hoje. Havia muitas ilhas e a passagem era muito fácil. Inclusive, na
América existem macacos que vieram da África. Se os macacos passaram, por que
os homens não passaram?", perguntou a brasileira.
Paulista, Niède Guidon morou e trabalhou boa parte da vida no
Piauí. As pesquisas que fez na Serra da Capivara permitiram o desenvolvimento
de suas próprias teorias e a formação de uma legião de novos profissionais.
Além disso, foi graças à estudiosa que o local virou Parque Nacional e
patrimônio cultural da humanidade.
A pesquisadora brasileira faleceu na quarta-feira (4/6), aos
92 anos. O velório foi aberto ao público e o enterro foi restrito a familiares
e amigos próximos. Como prova de que adotou o Piauí como lar, ela foi sepultada
no quintal de sua casa, no município de São Raimundo Nonato.