O conflito entre Israel e Palestina será o tema da próxima
edição do “DR Com Demori” que irá ao ar nesta terça-feira (01/07), às 23 horas,
na TV Brasil, com a participação do professor de Relações Internacionais da
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Bruno Huberman.
Na entrevista, o docente analisa como a guerra se originou a
partir de contextos históricos e religiosos. Além disso, discorre sobre as
diferenças entre antissemitismo e antissionismo, o surgimento do Hamas e as
possíveis soluções para o impasse na região.
Durante a conversa, Bruno Huberman argumenta que a guerra é,
essencialmente, uma disputa de um Estado contra um povo. "Trata-se de um
conflito profundamente assimétrico, com raízes coloniais. É um genocídio (...)
Diversos povos já passaram pela transformação de oprimidos para
opressores", pontua. Na avaliação do professor, as críticas às ações do
Estado de Israel não devem ser automaticamente associadas ao antissemitismo.
"Israel é um Estado colonial que reivindica ser judeu.
Criticá-lo não é o mesmo que ser contra o judaísmo, a religião ou o povo judeu.
É importante entender que o antissemitismo é uma forma de racismo, enquanto o
antissionismo, de forma resumida, representa uma postura anticolonial",
esclarece Huberman, que também apresenta um panorama das complexidades étnicas
e religiosas da região em disputa.
O professor também detalha como o Hamas se consolidou como
"um grupo guerrilheiro e um partido político que, ao mesmo tempo, surgiu
como uma organização de assistência social e humanitária, com o objetivo de
resistir ao massacre promovido por Israel". Embora reconheça que há
diversas críticas possíveis à forma como o grupo atua, Huberman ressalta que
estereótipos simplificadores dificultam a compreensão do conflito.
"Não podemos reduzi-lo a um bando de terroristas loucos
cuja única alternativa seria o extermínio. É necessário reconhecer sua
existência e buscar caminhos para a transformação", acredita.
Na entrevista, ele ainda propõe possíveis soluções para o fim
do conflito, como a criação de dois Estados. "É claro que é possível, mas
muito difícil. Eu defendo um Estado único. Refundar Israel junto com os
palestinos. Uma pessoa, uma cidadania, independentemente de seu pertencimento
étnico ou religioso", propõe.
Bruno Huberman também sustenta que uma reorganização profunda
é necessária. "Para isso, o sionismo precisa abrir mão da ideia de um
Estado exclusivamente judeu. E esse é um desafio muito grande", conclui.
O DR com Demori também está disponível, na íntegra, no
Youtube e no aplicativo TV Brasil Play. O programa ainda é transmitido em
áudio, simultaneamente, na Rádio MEC, e as entrevistas ficam disponíveis em
formato de podcast no Spotify.