Os bastidores e desdobramentos da tentativa de golpe de 8 de
janeiro de 2023 foram o tema da mais recente edição do “DR com Demori” exibida
nesta semana na TV Brasil. O programa recebeu Ricardo Cappelli, jornalista,
presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI),
ex-interventor federal na Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal.
O entrevistado classificou como sem precedentes na história
do Brasil os acampamentos golpistas montados após as eleições de 2022. Segundo
ele, as estruturas funcionavam como verdadeiras ‘cidadelas’, com alimentação,
geradores, banheiros químicos e até mini-estúdio para produção de vídeo. “Se um
cidadão comum, neste momento que está vendo a gente, decidir pegar uma
barraquinha de camping e montar em frente a um quartel-general do Exército, ele
não dura três minutos em frente ao QG”, comentou.
Cappelli informou que, na primeira semana da intervenção,
afastou um conjunto de comandantes de batalhões do Distrito Federal. Ao mesmo
tempo, destacou que 44 policiais se feriram defendendo os prédios públicos:
“Uma parcela estava comprometida, mas uma parte da tropa lutou (...) Então é
preciso ter esse equilíbrio para não generalizar a conduta da Polícia Militar
do Distrito Federal".
Questionado por Leandro Demori se existe um “pé atrás” da
sociedade civil em relação aos militares, Cappelli reforçou que é preciso
evitar generalizações e defendeu o papel das Forças Armadas: “Não existe no
mundo história de país forte, desenvolvido, grande e soberano sem Forças
Armadas fortes”.
Para o ex-interventor, o julgamento dos envolvidos nos
ataques de 8 de janeiro marca um ponto de virada na história do país. “Pela
primeira vez, estamos tendo uma conspiração golpista, envolvendo civis e
militares, sentada no banco dos réus. Isso é pedagógico para o Brasil e para a
democracia brasileira”, frisou.