Nesta
terça-feira (09/09), às 22h, na TV Cultura, Marcelo Tas recebe a líder indígena
Txai Suruí no Provoca. Os dois conversam sobre o que é uma boa liderança, falam
a respeito da atual crise climática e discutem os rumos da política
internacional.
Depois de
realizar um discurso marcante na Conferência do Clima de Glasgow, em 2021, Txai
Suruí tem se destacado como uma referência na luta contra as mudanças
climáticas e pelos direitos dos povos originários do Brasil e do mundo. Hoje,
aos 28 anos, já é tratada como uma das principais líderes indígenas do país.
Na
entrevista, Txai explica sua visão de liderança: meu vô ensinou para o meu pai,
que ensinou para a gente - assim como os outros líderes seguem ensinando - que
uma boa liderança, um bom líder, primeiro é humilde. Porque ele tem que saber
ouvir. Ninguém pode representar outras pessoas se não consegue ouvir aquilo que
o seu povo está dizendo. Além disso, um bom líder quer ver o seu povo feliz.
(...) E ele tem que ser um bom orador, um bom mediador.
Em seguida,
ela contrasta essa visão com a postura de outros tipos de líderes, os
representantes eleitos pelo povo: olho para o Congresso Nacional, na verdade
vejo o que a gente chamaria de líderes ruins. Porque esses não estão
preocupados em ouvir a sua população.
Respondendo
a um comentário de Tas sobre sua recente nomeação para o Grupo Consultivo sobre
Mudanças Climáticas da ONU, Txai reforça sua preocupação sobre o tema: essas
catástrofes climáticas vão acontecer de forma cada vez mais constante nas
nossas vidas, e a juventude vai ter que lidar com isso.
Sobre seu
papel e o de outros jovens enquanto conselheiros, ela explica: o nosso papel é
lembrar, é cobrar, é pressionar, para que esses governos ajam. Cobrar para que
essas empresas - mesmo o terceiro setor - ajam também, porque também fazem
parte do problema. Não dá para dizer: Não vamos conversar com as empresas. Elas
também estão causando problema, têm que estar nessa conversa.
Ao ser
perguntada por Tas sobre o que os líderes mundiais podem aprender com os povos
ancestrais, Txai aconselha: [Eles] têm que aprender que a floresta, esse
planeta, não é um recurso natural. Nós somos parte desse planeta. Para ela, uma
transformação real da política passa pela inclusão e diversidade: A gente
precisa urgentemente mudar essas pessoas que estão lá. (...) tem que trazer
mais mulheres, mais pessoas indígenas, mais pessoas pretas, tem que fazer uma
democracia de fato.