A história
de talento e pioneirismo da companhia Brasiliana, grupo artístico criado na
década de 50, que combinava dança, teatro e música com forte presença da
cultura afro-brasileira, é resgatada no documentário inédito Brasiliana - O
Musical Negro Que Apresentou o Brasil ao Mundo, que estreia nesta quarta-feira
(05/11), às 21h30, no canal Curta!, depois de ser premiado em festivais como o
In-Edit Brasil - Festival Internacional do Documentário Musical.
A obra faz
parte da programação especial do canal no Mês da Consciência Negra. Em
novembro, o Curta! irá estrear produções inéditas sobre o tema, incluindo uma
maratona de 24 horas no dia 20.
Produzida
pela Impulso e viabilizado pelo Curta! através do Fundo Setorial do Audiovisual
(FSA) para estreia no canal, a produção tem direção de Joel Zito Araújo. A
partir de depoimentos inéditos de ex-integrantes como Haroldo Costa, Gino
Askanasy, Valter Ribeiro e Domingos Campos, extenso arquivo de imagens e
trechos de raras apresentações, o documentário passeia pela história do grupo e
do país.
Com raízes
em manifestações populares e grupos como o Teatro Experimental do Negro, o
Teatro Folclórico Brasileiro surge, trazendo aos palcos música e danças
afro-brasileiras, com espetáculos que levavam as coisas da rua para as cenas
teatrais. No início dos anos 50, o musical Brasiliana se destaca em turnê pela
Europa, a companhia conquista o mundo e um novo nome.
‘Nós
trabalhamos nos melhores e nos piores lugares nessa turnê toda’, relembra
Haroldo Costa, cofundador do Teatro Folclórico Brasileiro, dando a dimensão da
aventura que levou o Brasil de Norte a Sul, de Leste a Oeste.
A turnê
europeia populariza a cultura brasileira em dezenas de países. Com imagens da
programação e das apresentações, o filme mostra como a diversidade de
habilidades e ritmos encantou os europeus, que encheram salões para acompanhar
o musical que contava a história do Brasil desde o Império.
‘Aí vinha a
parte do cafezal, que também era belíssima. Esse e a gente esperando os maridos
virem da pescaria, na parte do mercado da Bahia, era um negócio de arrepiar.
Eram quase dez minutos de dança, sem parar, sem poder respirar, era um negócio
de louco. E terminava com o Carnaval’, recorda a bailarina e cantora Jurandir
Palma.
O
documentário mostra como o Brasiliana se tornou referência e passou a
frequentar o topo da cultura em meados do século XX. De Frank Sinatra a Sophia
Loren, de Nat King Cole a Elizabeth Taylor, contracenando e vivendo ao lado das
grandes estrelas, os artistas brasileiros aprenderam e ensinaram, marcando os
sons e as cores do país.
‘Eram
grandes artistas que a Brasiliana agregou, ela realmente deu oportunidade a
pessoas que tinham grandes talentos. E elas souberam aproveitar’, afirma a
bailarina e cantora Watusi.
A obra
também discute as controvérsias, debate o papel do grupo como referência
disruptiva em um meio cultural centralizado por artistas brancos e as acusações
de reforçar os estereótipos sobre as mulheres brasileiras.
‘A Europa
estava meio deprimida, pós-guerra, cheia de problemas e tal. Quando chegou o
show, cheio de alegrias e cores, foi o maior sucesso’, diz Gino Askanasy, filho
do fundador e diretor do Teatro Folclórico Brasileiro.
Brasiliana -
O Musical Negro Que Apresentou o Brasil ao Mundo é uma produção da Impulso e
viabilizado pelo Curta! através do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA).