O episódio
desta segunda-feira (17/11) do programa Caminhos da Reportagem aborda a
“Operação Contenção”, ação policial que entrou para a história como a mais
letal do Brasil. A produção da TV Brasil vai ao ar às 23h e analisa os impactos
da operação realizada em 28 de outubro de 2025, quando 2.500 policiais ingressaram
nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, para cumprir mandados de
prisão contra suspeitos ligados ao Comando Vermelho. A ação resultou em 121
mortes, incluindo quatro agentes de segurança.
O programa
traz uma reflexão sobre a política de enfrentamento que vem sendo adotada há
mais de quatro décadas pelas autoridades de segurança fluminense. A reportagem
resgata os relatos de familiares de vítimas. Débora Velloso, mãe do policial
civil Rodrigo Velloso, descreve a devastação ao perder o filho. Já Tauã Brito,
mãe de Wellington Brito, jovem de 20 anos morto durante a incursão, relata o
desespero ao tentar alcançá-lo para que pudesse se entregar. A edição também
apresenta a visão das autoridades. O governador do Rio de Janeiro, Cláudio
Castro, classificou a operação como histórica.
Especialistas
em segurança pública, ouvidos pelo Caminhos da Reportagem, analisam
criticamente a eficácia desse modelo de confronto direto adotado pelo estado
carioca. A coordenadora do Grupo de Estudos de Novos Ilegalismos da
Universidade Federal Fluminense (UFF), Carolina Grillo, explica por que ações
dessa natureza não conseguem desarticular as facções criminosas.
“Essa
operação em nada vai afetar o Comando Vermelho enquanto organização. Essas
operações de incursão armada em territórios de favela são o principal método de
combate ao crime no Rio de Janeiro há quase quatro décadas e elas já se
mostraram ineficientes no combate ao controle territorial armado e aos mercados
ilegais que operam nesses territórios”, explica.
O
pesquisador Bruno Paes Manso, do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade
de São Paulo (USP), ressalta que a repetição dessas operações violentas contribui
para a criação de um ambiente de guerra. “Esse tipo de ação violenta produz
respostas violentas e um mercado de guerra. Muita gente começou a ganhar
dinheiro em torno disso. Em vez de produzir ordem, tem produzido desordem e
contribuído para aumentar o caos das cidades”, conclui.
A solução,
na visão de pesquisadores da área de segurança pública, passa pelo combate à
corrupção, melhorias no sistema penitenciário e desarticulação do lado
financeiro das organizações criminosas. Além disso, para eles, são necessárias
políticas públicas para mudar a realidade social das favelas. “[É preciso] um
investimento social para oferecer alternativas de vida para molecada que é
seduzida pelo tráfico. Você tem que ter arte, cultura, esporte, uma série de
atividades para que ela se sinta sonhando em participar do futuro numa
sociedade que oferece oportunidades”, destaca Manso.