Nesta quarta-feira (10/12), às 23 horas, o canal SescTV exibirá
Noites de João, documentário inédito dirigido por Camila Miranda. O filme
também fica disponível gratuitamente para todo o Brasil na plataforma e app
Sesc Digital.
Com 47 minutos, a obra recupera o impacto de João Gilberto, figura
considerada unanimemente como o pai da Bossa Nova, inventor de um modo de
cantar e tocar que alterou as coordenadas da música brasileira e mundial.
Artistas de diferentes épocas - Gilberto Gil, Tom Zé, Alaíde
Costa, Jards Macalé, João Bosco, Joyce Moreno, Dori Caymmi, Bebel Gilberto,
entre outros - evocam memórias, reencontram afetos e se deixam atravessar por
um músico que, desde 1958, habita um território que muitos descrevem como
milagroso.
“João tinha uma voz que manifestava uma emissão mágica,
sedutora. Por isso me refiro à ideia de que o conjunto da passagem e da
presença dele na música do Brasil e do mundo foi uma espécie de milagre”,
comenta Gilberto Gil.
Produzido pelo SescTV, o documentário se ancora na
celebração dos 25 anos da histórica apresentação de João Gilberto no Sesc Vila
Mariana, show que deu origem ao lançamento recente do álbum João Gilberto (ao
vivo no Sesc 1998), inaugurando a coleção Relicário, do Selo Sesc.
O filme acompanha artistas reunidos para rememorar a última
aparição de João no Sesc.
Ao longo do documentário, emergem memórias que atravessam a
biografia do artista, como sua chegada ao Rio de Janeiro no fim dos anos 40, as
primeiras gravações, a dormida de meses no quarto de Roberto Menescal enquanto
reinventava o tempo de compasso no violão e a chegada apoteótica da canção
Chega de Saudade (1959).
Relembram também a repercussão internacional de João
Gilberto en México (1970), o histórico Grammy Award de Álbum do Ano de Música
Latina por João Voz e Violão (2001), produzido por Caetano Veloso, e o impacto
de interpretações.
Nas falas reunidas na produção, João aparece como paradoxo
sólido, ao mesmo tempo discreto e monumental, arredio e generoso, doce e
severo, zen e intempestivo. Alaíde Costa recorda a primeira vez em que ouviu
sua batida; Tom Zé fala de um João que ‘ensinou o Brasil a respirar’ e Macalé
celebra o amigo de ternura explosiva.
O filme também ecoa o efeito emocional de seu último show no
Sesc Vila Mariana. Muitos dos entrevistados estavam presentes naquela noite de
1998 e relatam a impressão de ver o artista prestes a se dissolver na própria
música.