Sexualidade, drogas, preconceito, AIDS e rebeldia estão entre
os assuntos da entrevista de Ney Matogrosso a Roberto D`Ávila, que a GloboNews
exibe nesta madrugada de sábado (30/08) para domingo (31/08), à 0h05. O cantor
recebe o apresentador em seu apartamento no Leblon, no Rio de Janeiro, e não se
furta de falar sobre qualquer tema, como a difícil relação com o pai, militar,
que o fez sair de casa aos 17 anos; homossexualidade; a dependência em sexo e
drogas; sobre o risco de contaminação pelo vírus da Aids e até sobre a morte.
Aos 73 anos, Ney completa 40 anos de carreira usando as
mesmas roupas justas de sempre, diz que faz ginástica diariamente para manter o
tônus muscular e continua mantendo o estilo rebelde e revolucionário. “Não me
submeto. Optei pela margem da sociedade. Sempre fui e sou rebelde. Não concordo
com tudo o que acontece no Brasil e no mundo. Está tudo errado, a humanidade
está tomando um rumo errado”, desabafa.
Ney Matogrosso acredita que sua orientação sexual, que nunca foi um problema para ele,
tenha sido o motivo de tantos desentendimentos com o pai. “Ele era truculento e
eu me defendia dele. Porque me recusei a ficar de castigo, correu atrás de mim
com um revólver em punho”, conta. Foi então, ainda adolescente, que saiu da
casa dos pais, se alistou na Aeronáutica e veio para o Rio de Janeiro. De lá
para cá, pediu desligamento do serviço militar contra a vontade da família, foi
hippie, fez bolsas e cintos de couro para vender, estourou nos palcos como ator
e cantor, foi dependente de sexo, usou drogas e se relacionou com portadores do
vírus HIV. “Fui poupado. Tive contato com o vírus, não apenas uma vez. Era
maravilhoso viver dessa maneira. Mas perdi muitos amigos, cheguei a ir ao
cemitério três vezes em uma semana para enterrar grandes amigos”, revela.
A
paixão por Cazuza, as ameaças que sofreu no auge da ditadura militar, a decisão
de pintar o rosto na época do “Secos e Molhados”, entre outros assuntos, também
estão na conversa franca com Roberto D’Avila’.