Escritor brasileiro, Caio Fernando Abreu (1948-1996) é tema
do documentário Sobre Sete Ondas Verdes Espumantes (2013, 74’),
dirigido por Bruno Polidoro e Cacá Nazario. A produção visita algumas das
cidades por onde o poeta, dramaturgo e escritor passou, como Santiago do
Boqueirão (no Rio Grande do Sul), Amsterdã, Berlim, Colônia, Paris, Londres,
Rio de Janeiro e São Paulo. Nesses lugares, seus amigos, como Maria Adelaide
Amaral, Grace Gianoukas e Adriana Calcanhoto, lembram o escritor por meio de
depoimentos, versos e frases de Abreu. O filme estreia nesta sexta-feira (24/10),
às 23h, no SescTV.
Gaúcho, Abreu teve morte prematura após contrair o vírus HIV, mas viveu tempo
suficiente para deixar um acervo com mais de 15 livros publicados no Brasil,
além de edições lançadas na França, Alemanha, Itália, Estados Unidos, Holanda e
Bélgica. O amor, a solidão, o ódio e a melancolia são temas recorrentes em sua
obra.
Fragilizado pela doença, o escritor sentiu vontade de fugir, de ser outra
pessoa e de viver coisas que não tinha vivido. Para a dramaturga Maria Adelaide
Amaral, ele era voraz de novidade e de afeto. “Ele sempre achava que um novo
lugar era uma nova possibilidade de afeto”, conta ela.
Em seus textos, Caio Fernando Abreu desabafa como alguém que já previa o
amanhã, ao mesmo tempo em que observa cada detalhe presente nas pequenas coisas
da vida. Experimentava o amor com toda a intensidade, relacionando esse
sentimento ao ódio, à morte, ao sexo, à memória e à felicidade.
Homossexual assumido, Abreu registrou detalhes de uma paixão em um de seus
escritos. “Sei que o identificaria por aquela tatuagem no braço esquerdo. Um
leopardo dourado saltando sobre sete ondas verdes espumantes. E mesmo que
fizesse frio e eu não pudesse ver seus braços, reconheceria de longe seus olhos
de jade”, diz.