O educador Cristovam Buarque é o entrevistado de Roberto
D`Ávila desta madrugada de sábado (22/11) para domingo (23/11), à 0h05, na
GloboNews. Inconformado com o Brasil atual, o senador acredita que só a
indignação é capaz de mudar a situação em que as áreas de educação e saúde do
país se encontram. “Só com indignação vamos evitar que uma pessoa morra. E que
a outra não morra só porque tem dinheiro”, contesta Buarque. Ele também defende
que as escolas públicas devem funcionar em período integral, o que aprendeu com
Darcy Ribeiro. Diz ainda que, na escola ideal, os professores deveriam receber
R$ 9.500 de salário. “Menos que isso não dá”, afirma.
Cristovam sabe que não é fácil chegar a esse ideal e
lamenta não ter reformulado as escolas do Distrito Federal quando governou a
capital federal, entre 1995 e 1998. “O caminho é revolucionar as escolas por
cidade, uma de cada vez, como os chineses estão fazendo. As melhores escolas do
mundo são as de Hong Kong e Xangai. A educação nas outras cidades chinesas
ainda não está boa, mas vai ficar”, acredita. Ele ainda diz que os planos de
mudança na educação são de longo prazo, em torno de 20 a 30 anos.
Criador do programa Bolsa-Escola, precursor do Bolsa-Família,
Buarque acredita que se a mudança de ministério (da Educação para o do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome) e de nome do programa (de Bolsa-Escola
para Bolsa-Família) não tivessem acontecido, o problema da educação no Brasil
já estaria resolvido. “Enquanto se chamava Bolsa-Escola, o povo de baixa renda
sabia que receberia o benefício enquanto seus filhos freqüentassem a escola
regularmente. Quando passa a ser Bolsa-Família, as pessoas associam que têm
direito ao benefício porque sua família é pobre, o que não motiva a população a
sair da zona de pobreza”, explica o educador.
O ex-ministro da Educação, que ocupou o posto em 2003 e 2004
durante o primeiro governo Lula, está pessimista com a reeleição da Presidente
Dilma Rousseff. “É um casamento de 12 anos (tempo em que o PT comanda o Brasil)
cansado, cheio de traições”, diz Buarque.