Nesta terça-feira (25/11), às 23h30, no programa “Provocações”,
Antônio Abujamra recebe Flávio Tavares, jornalista, ex-líder estudantil que
participou da resistência à ditadura, tendo sido um dos prisioneiros políticos
trocados pelo embaixador americano sequestrado em 1969. No programa, que vai ao
ar na TV Cultura, ele fala, entre outros assuntos, sobre os governos de
Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros e João Goulart.
Flávio revela que participou da resistência não por razões
ideológicas, mas por dever moral, ante a redução da sociedade, pelo governo
militar, a um dos estágios mais medíocres que conheceu de submissão ao poder.
Tavares também fala a Abujamra sobre os espaços internos dos
governos Juscelino Kubitschek, em que predominavam o populismo e a corrupção na
construção de Brasília; de Jânio Quadros, de grandes ações na política interna;
e de Jango, com quem esteve, como jornalista, nos últimos momentos antes da
queda.
Sobre Juscelino ainda completa: “O Juscelino Kubitschek,
prefeito de Belo Horizonte, antes de ser governador e de ser presidente,
visitava todos os fins de semana a periferia, as favelas, os mocambos de Belo
Horizonte e levava uma caderneta preta onde as pessoas faziam as reclamações.
[...] E ele mandava o secretário anotar, e ele saía de lá aplaudido pelo
populacho. Até que um dia, José Penido, chefe da Casa Civil, diz a ele que a
caderneta está cheia e pergunta o que fazer. Juscelino diz para jogar fora e
comprar outra, por quê? Porque a caderneta é só a caderneta, o que a caderneta
continha não tinha valor nenhum. Então Juscelino foi a metáfora do que existe
hoje e existe há muito tempo na política brasileira”.
O entrevistado ainda comenta sobre o conteúdo dos documentos
americanos recentemente liberados, que comprovam papel decisivo desempenhado
pelos Estados Unidos na derrubada do governo Goulart.