Fundador do Cinema Novo, Cacá Diegues recentemente lançou a
autobiografia Vida de Cinema. Antes, durante e depois do Cinema Novo. Há 53
anos dirigindo e produzindo filmes, o cineasta fala de sua extensa carreira na
próxima edição do “Roda Viva”, que vai ao ar na segunda-feira (26/1), às 22h,
na TV Cultura, com apresentação de Augusto Nunes.
Durante a entrevista, o cineasta fala sobre sua
autobiografia, lançada em junho de 2014, e diz que demorou seis anos para
concluir a obra, que ele define como sendo a memória de uma geração. ”Sou
testemunha de uma geração”, referindo-se à época compreendida entre o final dos
ano 50 até aproximadamente 1968. A efervescência desses tempos se dava em
diversas frentes, na música, no esporte, nas artes, e Cacá tem uma explicação
para isso. “Havia uma consciência – ou inconsciência – geral de que o Brasil
seria a próxima grande potência cultural, artística...”, diz.
Para explicar o Cinema Novo, Diegues tem uma definição bem
objetiva. “O programa Cinema Novo tinha uma ideia muito simples: mudar a
história do cinema, mudar a história do Brasil e mudar a história do Planeta.
Isso estava em tudo”, explica.
Criador da expressão “patrulha ideológica”, o cineasta conta
que ela surgiu por acaso, depois das críticas ao seu filme Xica da Silva,
considerado por muitos como machista e sexista. Não sendo esta a proposta de
Cacá, que ficou amargurado com o fato, ele disse em uma entrevista, em forma de
piada: “Isso é patrulha ideológica”. E a expressão pegou.
Aos 74 anos, Cacá mostra uma visão otimista da vida e do
mundo. “Não quero viver no passado, ficar chorando, reclamando. Interessa o que
vai acontecer”, revela. Em outro momento
da entrevista, ele também diz que “o mundo está muito melhor do que antes. Tem
coisas horrorosas, mas muita coisa já passou”.
Participam da bancada de entrevistadores João Gabriel de
Lima, redator-chefe da revista Época; Ivan Finotti, editor do caderno
Ilustrada, do jornal Folha de S. Paulo; Laís Bodanzky, cineasta; Renata Almeida,
diretora da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo; e Sylvio do Amaral
Rocha, documentarista e professor.