Francisco
Cuoco, um humilde filho de feirantes, nascido no bairro paulista do Brás,
acabou tornando-se artista graças a um letreiro. "Passando pela rua, li:
exames públicos da escola de artes dramáticas de São Paulo – entrada franca.
Fique animado! Poxa, tudo isso e ainda não preciso pagar?!". Esta foi
apenas uma das lembranças que o ator trouxe a tona no programa "Grandes
Atores", que foi ao ar no canal VIVA.
Cuoco
também falou sobre os tempos de feirante e a dolorosa perda dos pais. "Meu
tio mandou avisar que papai não estava passando bem. Ele teve um infarto
fulminante. Entramos em um táxi e no caminho mamãe teve um AVC. Ela nunca
acordou. Entrou em estado vegetativo. Levei-a para casa, montei um
hospitalzinho, levei balão de oxigênio, e vivemos assim por doze anos. Acabei
perdendo os dois praticamente no mesmo dia", revelou.
Do
início da carreira, recordou com carinho a primeira novela "A Morta Sem
Espelho" (1963), de Nelson Rodrigues, e personagens marcantes, como Dr.
Fernando, de "Redenção" (1966); Cristiano Vilela, de "Selva de
Pedra" (1972); e o professor Herculano Quintanilha, de "O Astro"
(1977). O convidado falou sobre Janete Clair. "Ela era um templo do amor e
tinha esse dom de falar com a maioria, com o povo, sem ser piegas. Uma
dramaturgia aos pedaços. Era tão certeiro, tão instintivo", salientou.
Ao
falar da profissão, Cuoco fez poesia. "Ser ator é tanta coisa. É aprender
uma coisa básica: gostar do semelhante, de seguir a sua natureza em relação a
acertos e falhas. É poder devolver o que está na literatura e transformar isso
em vidas, em espírito. É acrescentar conhecimento, educação, amor, a quem está
assistindo. Ser ator é tanta coisa que não dá para enumerar. Ser ator é
amar!", concluiu.