Herson Capri nunca imaginou que chegaria às telinhas. No
"Grandes Atores" que vai ao ar nesta quinta-feira (26/03), às 23
horas, pelo canal VIVA, o convidado lembra toda sua trajetória desde a primeira
peça, onde atuou como figurante. "Meu irmão foi quem me levou à escolinha
de arte do Colégio Estadual do Paraná. Chegando lá, faltava um no elenco e o
diretor me encaixou. Eu nem sabia se queria fazer aquilo, mas fui. No início,
meu papel era segurar uma cruz. Isso, até outro ator precisar faltar e eu
substituir. Comecei minha carreira ali, aos 15 anos.", conta.
A prisão do pai comunista também integra o baú de memórias do galã. "Meu
pai fazia parte da direção do partido comunista. Nós tínhamos em casa reuniões
clandestinas a cada mês. Um dia, disse a mim e aos meus irmãos: ‘Olha, papai
provavelmente vai ser preso’. Ele chegou a se esconder por 20 dias, mas voltou
e foi capturado. Diariamente eu ia até o DOPS (Departamento de Ordem Política e
Social), pegava autorização e, com a minha bicicleta, ia para o outro lado da
cidade levar uma comidinha para ele na cadeia", revela.
Durante a entrevista, Herson lembra a carreira na TV desde a primeira aparição
em "A Vila do Ar", na TV Tupi, passando por papéis em tramas como
"Guerra dos Sexos" (1983), "Riacho Doce" (1990),
"Renascer" (1993) e "Tropicaliente" (1994), atualmente, em
exibição no VIVA. O estigma de galã também é comentado. "Existe alguma
coisa na palavra que remete ao mau ator, a um cara sem inteligência. Tinha
certo medo de cair nesses estereótipos. Quando parei de questionar e deixei
esses pruridos de lado, comecei a curtir mais. Acabou sendo um desafio
gostoso", comenta.
Sobre os altos e baixos da trajetória de um ator, ele filosofa: "O
fracasso nos traz uma visão humilde, nos tira o pensamento ególatra. Um
fracasso vem para dizer que não é bem assim que a banda toca. Você fazer uma
coisa midiática não significa exatamente que você seja mais que apenas um ser
humano. O exercício do fracasso e do sucesso é muito interessante para nos
colocar no nosso lugar." Herson também conta como sua forma de encarar a
vida mudou após um câncer de pulmão. "Você se depara com a morte mais
próxima e o pensamento em cima dela existe. Não fiquei obsessivo, pelo
contrario, fiquei pratico. Me senti mais maduro, tranquilo, mais leve. Com esse
assunto e com todo o resto".
Ao falar da importância dos filhos, da neta e da esposa, ele se emociona:
"Sou realizado pessoalmente e profissionalmente. Estou muito satisfeito
com a minha vida!"