Neste sábado (27/06), às 21h30, a TV Cultura leva ao ar
documentário especial sobre a carreira de pianista de João Carlos Martins. O especial
João Carlos Martins, o piano como destino foi produzido em homenagem ao seu 75º
aniversário.
Por longos anos, em épocas diferentes, teve que forçar os
limites do possível e do impossível para voltar ao teclado. Nem a dor, nem a
falta de recursos e tecnologia disponíveis o fizeram parar. Em seu depoimento
durante o documentário, João Carlos Martins declara: “Eu luto quando toco
piano” .
O músico foi da glória dos palcos americanos, com a aclamação
da crítica e público que o compararam ao gênio canadense Glenn Gould, ao
envolvimento com a política. Teve ainda atuação como empresário de Éder Jofre,
que o levou ao título mundial, e foi agraciado com um sonho profético com o
maestro Eleazar de Carvalho.
João Carlos Martins conta como foram seus anos estudando
piano com José Kliass; o incentivo que recebeu em casa tanto da mãe como do pai
e os irmãos; o recital que tocou aos 12 anos de idade no Teatro Colombo, no
bairro do Brás, e que o tornou conhecido em São Paulo como Wunderkind; o
convívio e as opiniões de grandes artistas como Heitor Villa-Lobos, Guiomar
Novaes; e a sugestão do pianista suíço Alfred Cortot para tentar carreira for a
do Brasil, que mudou sua vida.
Ele conta sobre a dificuldade que teve para se impor como
estrela internacional do piano, com todos os percalços e conquistas, de menino
prodígio a maestro. Perfeccionista, sempre buscando o melhor, forçou todos os
limites para ir além.
A carreira nos Estados Unidos começou em 1959, em Porto Rico, e no concerto de
21 de abril de 1961, em Washington (EUA), quando estreia o Concerto de
Ginastera e Martins projeta-se internacionalmente. Na plateia desse momento
histórico estava presente a ex-primeira dama americana, a mecenas Eleanor
Roosevelt.
O primeiro problema com a mão acontece em 1967, durante um
jogo de futebol no Central Park (Estados Unidos). João Carlos consegue tocar
por mais dois anos, mas parou em 1969 devido a uma crítica negativa do New York
Times. Torna-se então empresário do pugilista Éder Jofre, que se torna campeão
mundial. Ao ver o atleta festejando a vitória, se achou covarde e decidiu que
voltaria a tocar.
Na década de 1970, volta aos palcos e grava a integral de
Bach a pedido de seu pai.
Nos anos 80, ocupa o cargo de Secretário da Cultura do Estado de São Paulo.
Poucos anos depois sofre um assalto em Sófia, na Bulgária, e para de tocar
novamente. Parte então para buscar todos os recursos possíveis da medicina e
para a criação de novas maneiras que possam fazê-lo voltar a tocar.
Os amigos o ajudam até em sonho: impossibilitado de tocar, sonha com o maestro
Eleazar de Carvalho, que o aconselha a aprender a reger.
João Carlos Martins mostra a carta do pai do pianista Glenn
Gould à época da inauguração do Memorial no Canadá. Conta que pouco antes do
Gould morrer, conversou com o canadense por telefone durante três horas. Ele
revela pela primeira vez o conteúdo da conversa.
Depoimentos de Ricardo Kotscho, Zé Celso Martinez, Ives
Gandra, Sônia Muniz, Diogo Pacheco, Júlio Medaglia, Gilberto Tinetti, Arthur
Moreira Lima, Ênio Squeff e João Marcos Coelho. Roteiro de Cristiane Macedo,
roteiro e edição de Luís Antônio Giron, e direção de José Roberto Walker.