Com o título inspirado em uma frase do poeta Ferreira Gullar:
"A arte existe porque a vida não basta", o documentário fala sobre a
relação entre a vida e a arte e as motivações que levam uma pessoa a criar.
A Vida não Basta traz depoimentos da atriz Denise Fraga, do
escritor Milton Hatoum, da cineasta Laís Bodanzky, do cantor e compositor Toquinho,
do dramaturgo Leonardo Moreira, do estilista Ronaldo Fraga, dos quadrinistas
Gabriel Bá e Fábio Moon e do próprio Gullar. Com direção de Caio Tozzi e Pedro
Ferrarini, a produção inédita no SescTV vai ao no ar neste sábado (25/07), às
22h.
"A arte inventa a vida", diz Gullar na abertura do
documentário. Para o poeta, a arte é uma reinvenção daquilo que já existe e
acredita que o artista sempre vai querer inventar. Invenção esta que, na
opinião de Gullar, origina-se porque a vida não basta. Laís pensa que, por ser
curta, a vida basta e seria sem graça se fosse eterna. Já Denise avalia que uma
vida só não basta. "É preciso criar, a todo instante, vidas novas. Eu
sempre acho que você precisa lembrar o que era quando quis fazer isso, para não
se esquecer de você", diz.
Os depoentes contam de que forma a arte chegou às suas vidas
ainda na infância. Laís, filha única do cineasta Jorge Bodanzky e de uma
professora de História da Arte, sempre viveu em meio à arte; Hatoum gostava de
ouvir as experiências de vida contadas pelo avô libanês; Denise desenhava e até
ganhou um prêmio da escola onde estudava; e Toquinho teve o pai como grande
incentivador para a escolha de sua profissão.
Ao contrário dos artistas que se motivaram ao presenciarem
outras histórias de vida, os irmãos Gabriel Bá e Fábio Moon se bastavam.
Tímidos, se dedicavam à leitura e ao desenho. "Enquanto outras crianças
buscavam turmas de amigos, para nós isso aqui (apontando para um desenho) era suficiente",
expõe Bá. Há ainda personagens que, mesmo sem saber, colocaram em prática,
ainda criança, o ofício que os tornou profissional. Moreira tinha consigo um
elemento importante para aqueles que escolhem o palco para se expressarem: a
observação. "Observava não só o que estava ao meu redor, mas em mim
também"; e o estilista Ronaldo Fraga relembra quando, aos seis anos de
idade e, após assistir ao vídeo do Patinho Feio na escola, o professor pediu
para os alunos fazerem uma ilustração sobre o que mais marcou para cada um na
produção. "Eu desenhei um pato de pé, de terno, gravata e de cartola. Até
sapato o pato tinha", revela.
Além disso, os artistas falam sobre o início de suas
carreiras; a preparação e execução de seus trabalhos; a ficção contida na arte
e na vida real; a emoção como antídoto para que a arte não fique maçante e seja
um estímulo na execução de um trabalho; como eles lidam com o sucesso e o
fracasso; o processo criativo de cada um; e de que maneira a arte pode
interferir e até mudar a vida de alguém.