Renato Borghi, ator, diretor, produtor, autor e um dos
fundadores do Teatro Oficina é o próximo convidado do “Persona em Foco”,
programa da TV Cultura que vai ao ar nesta terça-feira (29/09), às 23h30, com
apresentação de Atílio Bari.
Com 58 anos dedicados à arte de representar, Renato Borghi
conta com mais de 100 trabalhos realizados, incluindo teatro, televisão e
cinema. Para entrevistar o ator, os convidados são a atriz Esther Góes e o
diretor Roberto Lage.
Nascido no Rio de Janeiro, mas paulistano de coração, ele
conta que descobriu sua vocação ainda pequeno, quando assistiu à peça Iaiá
Boneca. Ele tem na memória que frequentava o Teatro de Revista, no Rio de
Janeiro, assiduamente, com seus avós.
Borghi relembra que fazia aulas de voz com a mãe da atriz
Nídia Lícia, Alice Picherle, e ela o indicou para substituir o ator Jorge
Fischer, na companhia teatral de Sérgio Cardoso, na peça Chá e Simpatia,
marcando sua estreia no profissional. No final do teste, Sergio Cardoso lhe deu um abraço e fez
uma recomendação: “Nunca deixe o teatro. Você é um ator e tem tudo contra você.
É baixo, franzino, magro e não é excepcionalmente bonito. Mas você é um primeiro ator. Nunca se esqueça
disso”.
O Teatro Oficina é lembrado por ele desde sua criação. Ele
conta que conheceu José Celso Martinez Corrêa, o Zé Celso, e o ator e diretor
Amir Haddad na Faculdade de Direto do Largo São Francisco, e que o grupo
profissional do Teatro surgiu no último ano do curso. O intuito era fazer um
teatro de vanguarda.
O Teatro Oficina foi construído com títulos avalizados pelo
seu pai e por Etty Fraser. O ator recorda que a estreia se deu com a peça A
Vida impressa em dólar, que foi censurada. “Começamos uma luta, fomos falar com
governador e prefeito. Lembro que ganhamos a luta em uma semana. E foi ótimo,
porque ninguém conhecia a gente. A proibição ganhou as primeiras páginas dos
jornais. Então, houve uma publicidade gratuita e, na reestreia, tivemos casas
lotadas”, diz.
Outro fato lembrado por ele está sediado na época do regime militar
no Brasil. “Durante a temporada de Pequenos Burgueses, no Rio de Janeiro, o
presidente Castello Branco quis cumprimentar o elenco no camarim, mas ninguém
queria falar com o ditador. A Tônia Carreiro chorava e dizia `Gente, o presidente está aí. O que
eu vou fazer? Eu sou responsável por essa temporada´. Então, eu disse: `Tônia,
eu falo com ele. E disse: `Presidente, muito obrigado pela presença. Ele me
olhou e disse: Realmente, eu me identifiquei muito com o senhor´. O elenco todo se olhava e segurava os risos”,
revela.
Borghi, que foi casado com a atriz Esther Góes, se emociona e
emociona a plateia do programa com uma declaração à ex-esposa, e que está ao
seu lado no programa. “Agradeço muito por ter casado comigo e tenha ficado
tantos anos de relação comigo. Agradeço o filho que você me deu. Agradeço a maravilhosa
atriz que você foi comigo. Você me fez assumir a responsabilidade da profissão
de dirigir e produzir. Você me deu coragem para viver uma outra vida”, afirma. Juntos,
eles montaram a companhia Teatro Vivo com o espetáculo O que Mantém um Homem
Vivo?, de Brecht
Como dramaturgo, Borghi fala do sucesso ao escrever A Estrela
Dalva, interpretada por Marilia Pêra. E a atriz dá seu depoimento ao Persona Em
Foco: “O ano era 1987. Chegou às minhas mãos um texto de Renato Borghi e João
Eliseu Fonseca com a história de Dalva de Oliveira e todas as suas músicas. Era
um desafio pra mim e aceitei. Roberto Talma dirigiu e foi o maior sucesso do
Teatro João Caetano. Então, estou aqui para
agradecer ao Renato esse grande sucesso, talvez o maior da minha
carreira. Foi com o texto dele e do João
Eliseu. Muito obrigada, Borghi por esse
sucesso”, salienta.
Outros artistas e amigos dão seu depoimento, dentre eles Etty Fraser, Paulo Herculano, Elias Andreatto
e Othon Bastos.