O “Revista do Cinema Brasileiro” destaca a importância do Dia
da Consciência Negra nesta quarta (18/11), às 23h30, na TV Brasil. No estúdio
da atração, a apresentadora Natália Lage recebe o cineasta, pesquisador e
escritor Joel Zito Araújo. A obra do autor discute as africanidades no Brasil,
contribuindo para o reconhecimento de diversidade étnica e suas manifestações.
No papo, o diretor reflete sobre o seu premiado filme “A
Negação do Brasil”, documentário vencedor do Festival É Tudo Verdade de 2001.
Lançado há quinze anos, o longa debate o processo de inserção do negro na teledramaturgia.
“Tivemos mudanças significativas, mas não no ritmo que eu gostaria nem na
velocidade que o país precisa”, comenta Joel Zito sobre essa evolução.
“Vejo uma preocupação real dos diretores com a ideia de
estabelecer um Brasil do orgulho e da diversidade, mas não estou satisfeito.
Cresceu muito, mas pouco frente a necessidade que nós temos”, revela. Para
comprovar sua tese, o pesquisador faz uma comparação com a sétima arte nos
Estados Unidos. “Todo mundo que vê o cinema norte-americano tem a impressão de
que a situação lá é o inverso daqui. Apesar disso, a população negra americana
é de 13% do total e a nossa de 52%. Eles têm força”, explica Joel Zito ao
ressaltar o caminho que o cinema nacional ainda precisa percorrer.
Ele ainda fala sobre o Grande Encontro do Cinema Negro a ser
realizado em 2016 ao recordar a amizade com o saudoso ator Zózimo Bulbul,
idealizador da iniciativa, que havia convidado Joel para assumir a curadoria do
evento. “Os objetivos do festival são atualizar as pessoas sobre o cinema
africano contemporâneo e oferecer um espaço de troca entre diferentes gerações
de cineastas de várias origens com a nova leva de diretores que está surgindo
no Brasil”, define.
O responsável por filmes como “As filhas do vento” (2004) e
“Cinderelas, lobos e um príncipe encantado” também lembra seu ingresso no mundo
da sétima arte. “Eu não imaginava que um dia seria diretor de cinema”, explica
Joel Zito ao falar de sua paixão pelo cineclubismo ainda na Faculdade de
Psicologia.
Já a matéria de abertura do Revista do Cinema Brasileiro
aborda o filme “Dia de Preto”, uma adaptação moderna da lenda do primeiro
escravo alforriado no país. A atração exibe uma entrevista com os diretores do
longa Marcos Felipe, Marcial Renato e Daniel Mattos.
Na sequência, uma reportagem sobre o documentário “Hereros
Angola” que registra a vida dos hereros, um dos grupos étnicos mais antigos da
história da humanidade. A equipe do programa conversa com o produtor do filme
João Guerra. Ele explica como foi documentar esse povo milenar de cultura
ancestral que permanece bem perto da vida moderna das cidades angolanas.
Em seu quadro na atração, o crítico de cinema Marcelo Janot
analisa a presença do negro na sétima arte no Brasil. O especialista resgata
“Favela dos meus amores” (1935) dirigido pelo cineasta Humberto Mauro, em que
os negros se limitavam à figuração. Mesmo assim, o filme chegou a ser
censurado. A participação dos negros no cinema nacional foi sempre bem
problemática, salvo raras exceções como Grande Otelo, e nunca fez jus à
quantidade de talentos nas artes do país.
E como a musicalidade é uma das grandes marcas da cultura
africana, o Revista do Cinema Brasileiro abre espaço para outro documentário
sobre música. “Jards”, de Eryk Rocha, acompanha a gravação de um álbum do
compositor Jards Macalé em 2011.
O documentário “Mestre Borel: a ancestralidade negra em Porto
Alegre” também está em pauta esta semana. O filme, sobre o mais antigo alabê do
Rio Grande do Sul, trata de religião, de espiritualidade e da memória viva dos
“bairros negros” da cidade gaúcha.
Em outra matéria, o programa reflete sobre o filme “BH Soul”
que relembra uma época de muito swing, cabelo black power e beca engomada. O
movimento continua vivo nas ruas de Belo Horizonte e o diretor Tomás Amaral
conta na TV Brasil como conheceu pessoas que viveram o auge da música negra na
capital mineira.