Aderbal Freire-Filho conversa com a coreógrafa Lia Rodrigues
no “Arte do Artista” desta terça (24/11), à meia-noite, na TV Brasil. Na
entrevista, a convidada explica a dinâmica do trabalho cultural que desenvolve
no Complexo da Maré no Rio de Janeiro.
Reconhecida internacionalmente, Lia também é um dos ícones da
dança contemporânea no país. Ela teve sua formação nos anos 1960 influenciada
pelo pensamento crítico e de resistência política, ambiente que determina o
rumo de sua vida e carreira artística. A coreógrafa conta a Aderbal que
trabalhou com a Companhia de Dança de Maguy Marin, na França.
Na sua volta ao Brasil, na década de 1980, passou pelo
teatro, lançou um festival de dança e participou da criação do Grupo de Estudos
em Dança no Rio de Janeiro. Em 1990, a artista criou a Lia Rodrigues Companhia
de Dança.
Já no começo do terceiro milênio, Lia estreitou os laços de
sua veia ativista com a perspectiva artística do trabalho. A coreógrafa milita
em prol de uma política cultural mais abrangente no país que ajude na promoção,
debate e fomento das artes brasileiras e do comprometimento em relação à dança.
Nos últimos anos, entre outras ações, a artista fez parceira
com a ONG Redes de Desenvolvimento da Maré. Desde 2007, Lia mantém a sede de
sua companhia na comunidade da Nova Holanda situada no conjunto de favelas do
Complexo da Maré, denominado Centro de Artes da Maré. No espaço, ela desenvolve
atividades pedagógicas com a comunidade, além de palestras sobre arte e mostra
dos espetáculos do seu repertório e de outros dançarinos.
O programa da TV Brasil apresenta imagens externas dos
trabalhos de Lia no Complexo da Maré, enquanto ela detalha seu processo de
trabalho na comunidade. "A gente começa fazendo um corpo com a corpo com
as pessoas que moram na Maré, uma espécie de questionário afetivo, para ver o
que vai sair desse encontro e desenvolver ideias para as coreografias",
explica.
"Para fazer dança, a gente precisa também produzir
pensamento", afirma a coreógrafa. Na visão de Lia, as apresentações
precisam estar intimamente ligadas à experiência das pessoas em seu cotidiano.
"Passamos muito tempo estudando em laboratório. Preparamos as performances
em cima dos assuntos que são levantados na comunidade", finaliza.