A maior tragédia ambiental da história do país deixou 12
pessoas mortas, 11 desaparecidas, uma cidade destruída, um rio morto e a mídia
nacional na berlinda. O “Observatório da Imprensa” examina o papel da empresas
jornalísticas na repercussão do desastre ambiental de Mariana com o vazamento
da barragem de minério na região do rio Doce nesta quinta (26/11), às 23h, na
TV Brasil.
Para analisar a questão, o apresentador Alberto Dines recebe
a jornalista Ana Lucia Azevedo, o coordenador do Greenpeace Brasil, Nilo
DAvila; e o pesquisador Carlos Machado de Freitas, que lidera o Centro de
Estudos e Pesquisa em Emergências e Desastres em Saúde (Cepedes) da Fiocruz. O
programa busca contribuir na construção de uma imprensa mais atenta, mais
responsável com o meio ambiente e mais crítica com empresas e governantes.
A barragem que se rompeu em Mariana, no estado de Minas
Gerais, em 05 de novembro, jogou no solo e nos rios detritos de minérios
altamente poluentes como manganês, ferro e mercúrio. Os dejetos tornaram a
terra infértil, mataram fauna e flora. O problema é tão grave que
ambientalistas ainda não sabem avaliar com precisão o futuro da vida naquela
região. O rio de lama alcança o litoral brasileiro com impactos incalculáveis.
Apesar da catástrofe sem precedentes, a imprensa demorou mais
de 10 dias para dar o devido destaque e a dimensão que o assunto merecia. No
Brasil, existem 402 barragens de minérios. Desse total, 16 estão em risco, mas
a opinião pública só agora conhece este perigo.
Nem as primeiras imagens da televisão mostrando o lodaçal em
que se transformou a localidade de Bento Rodrigues, distrito de Mariana, foram
suficientes para que os principais veículos de comunicação enviassem equipes e
repórteres para a região do desastre.
Jornais que tradicionalmente cobrem bem assuntos
internacionais se apressaram em mandar uma equipe para cobrir os atentados em
Paris no dia 13, mas não deslocaram, na época, um repórter para Minas Gerais.
Para aprofundar a discussão sobre o polêmica cobertura da
mídia na maior catástrofe ambiental do país, o Observatório da Imprensa
consulta ainda especialistas no tema e na área de comunicação como o biólogo
Mário Moscatelli, o ambientalista Sérgio Besserman, a jornalista Miriam Leitão
e a professora Sylvia Moretsohn.