Diretora do longa "Que Horas Ela Volta?", Anna
Muylaert é a convidada do programa Estação Plural desta sexta-feira (29/04), às
23h, na TV Brasil. A sétima arte é um dos principais assuntos do papo com os
apresentadores Ellen Oléria, Mel Gonçalves e Fefito.
Na entrevista, a cineasta comenta o reconhecimento do drama
estrelado por Regina Casé, enumera os filmes mais importantes de sua trajetória
e debate a representatividade trans nas telonas. Ela observa como o cinema pode
contribuir para o empoderamento ao quebrar expectativas com enredos, atores e
personagens que não estão no senso comum.
Anna também aborda a sua nova produção, "Mãe Só Há
Uma", que entra em cartaz no dia 1 de setembro nas salas do país. Antes
mesmo da estreia no circuito, o crítico Rubens Ewald Filho conta que já viu o
longa e analisa a evolução da diretora.
O trio do Estação Plural recorda que o maior sucesso de Anna
nos cinemas, "Que Horas Ela Volta?", por pouco não concorreu ao Oscar
de melhor filme estrangeiro. A convidada pondera sobre as razões para que o
filme tenha alcançado tanta repercussão com o público nacional.
"É um projeto que tinha muito coração e trabalho. Acho
que ele obteve um resultado bacana, um alinhamento de equipe e elenco muito
bom. Chegou num momento no Brasil em que foi importante porque conseguiu ser
objeto de debate de todos os setores da sociedade", explica.
"Talvez, se o filme tivesse saído dez ou vinte anos
antes, a mesma história, não tivesse o mesmo destino porque hoje a Jéssica é um
personagem real", diz sobre a personagem de Camila Márdila que é filha de
Val, interpretada por Regina Casé.
Em seguida, Anna destaca "Mãe Só Há Uma". O próximo
filme da cineasta é uma adaptação livre do caso Wilma-Pedrinho, em que se
constatou que o menino havia sido sequestrado na maternidade e criado por uma
família que não era a sua. Na trama, o garoto adolescente descobre que a
verdade sobre sua origem tem ainda uma questão extra: ao trocar de família, o
rapaz percebe uma latente transexualidade.
A diretora conta que o longa participou do Festival de Berlim
em fevereiro. O drama recebeu o prêmio de Melhor filme Queer, um dos troféus da
30ª edição do Teddy Awards, nome dado à mostra independente da Berlinale
voltada às produções ligadas à diversidade sexual. O reconhecimento foi
concedido pelo júri especial da revista alemã Männer. No elenco, a produção
reúne Naomi Nero - sobrinho do ator Alexandre Nero - Matheus Nachtergaele e
Dani Nefussi como protagonistas.
Esta edição do programa da TV Brasil também trata do
"dicionário das tristezas obscuras" e do significado da palavra
"elipsismo": a tristeza por não saber como uma história vai acabar.
No último bloco, o tema é cinema e representatividade trans: por que os
diretores ainda não escalam atores trans para fazer os papeis de trans no
cinema e nas séries de TV?
Anna dá sua opinião sobre "Carol", filme lésbico
que movimentou público e crítica. "Eu gosto de filme de verdade. Quando
fica bonito demais, para mim vira desfile de moda e eu vou me desconectando.
Carol mostra um mundo ideal demais, entende? Achei chato", avalia a
diretora paulista.