Ídolo de um dos times mais marcantes do futebol brasileiro
dos anos 1980, a Democracia Corintiana, Júlio César descobriu um novo talento
depois de deixar os campos: a música. O ex-companheiro de Sócrates,
Casagrande e Biro Biro não se deixou abalar nem mesmo pela surdez,
que o afetou há cerca de 20 anos, pouco depois abandonar os gramados, e passou
a se dedicar a essa paixão. O “Esporte Fantástico” deste sábado (28/05),
às 10h15, na Rede Record, conta essa história e mostra como foi a estreia do
ex-jogador nos palcos, em seu primeiro concerto, realizado na semana passada no
teatro do Museu Brasileiro da Escultura, em São Paulo (MuBE).
Bicampeão paulista em 1982 e 1983, dedicou ao piano a mesma
disciplina dos tempos de atleta. Ele, que já havia estudado violão,
tornou-se compositor e pianista. E durante seis meses ensaiou para esta
apresentação. “Ia dormir quando o Sol já estava raiando, acordava uma,
duas horas da tarde, ia pro piano para realizar aquela música que tinha criado
na minha imaginação. E isso foram dois anos ininterruptamente”, conta
Julio Cezar.
“Eu percebi que eu tinha decorada toda esta escala musical.
Eu pensava: ré, sol, então eu compunha sentado na minha cama, não precisava
ouvir fisicamente, fui compondo”, revela ele sobre como foi capaz de compor
apesar da deficiência.
Na apresentação, ele tocou de Tom Jobim a Beethoven, o famoso
pianista e compositor que, como ele, perdeu a audição. E falou da emoção da
estreia: “No estádio lotado as pessoas estão a 500 metros. Tem 22 jogadores,
mais um juiz e bandeirinhas pra eles reclamarem e terem atenção.
Aqui, o público está a cinco, seis metros de você, e é você e você. Então estou
mais nervoso agora com 50 anos do que com 17 na estreia, num Corinthians e
Palmeiras, com Morumbi lotado”, revela.