As práticas circenses enquanto uma linguagem artística, suas
tradições, as diferentes escolas, estilos e os diálogos com outras artes, na
atualidade, são tema do documentário inédito “Circo é... Circo”, que o SescTV
exibe nesta sexta-feira (24/06), às 20h.
A obra traz um olhar poético para os espetáculos e
entrevistas que abordam o labor e o risco físico dos artistas; os diferentes
espaços de apresentação; o diálogo com outras linguagens artísticas; suas
possibilidades e técnicas tradicionais e contemporâneas. Dirigido por Daniela
Cucchiarelli, Circo é... Circo foi produzido durante o CIRCOS - Festival
Internacional Sesc de Circo de 2015.
A produção brasileira traz relatos de artistas nacionais e
internacionais, além de pesquisadores e estudiosos das artes circenses que
discutem, entre outros temas, a relação do circo com outras artes, como a
dança, a música, o cinema e o teatro. Jorge Lix, artista da companhia
portuguesa Erva Daninha, não vê limites para a fusão do circo com outras
linguagens artísticas. "Acho que é um reflexo do nosso dia-a-dia, onde
está tudo a se misturar, está tudo em fusão, e acho que o circo, nesse aspecto,
não tem limites", afirma.
Segundo o professor da Universidade Estadual de Campinas e
pesquisador na área de Circo Marco Bortoleto, o intercâmbio entre as artes
existe desde a origem do circo e não é ele que distingue o circo contemporâneo
do tradicional. "A questão é o quanto nós conhecemos do passado para
esboçar um entendimento do presente", enfatiza. Para ele, a distinção
entre tradição e contemporaneidade se dá pela existência de uma escola de
circo. "Isso de fato é novo, não existia no século XVII, no XVIII e no
XIX. Hoje, é uma realidade", observa.
As escolas circenses são um dos temas abordados pelo
documentário. Sua criação gerou um debate, sobretudo entre os artistas
tradicionais, cuja formação se deu em família, pelo aprendizado de pai para
filho. "Eu entendo que muitos que são do circo tradicional talvez não
tivessem tido opção, não escolheram. Essa é uma diferença muito importante
entre todos os artistas de escola de circo, porque esses escolheram o
circo", aponta o espanhol Leandro Mendoza, diretor da Companhia Ciclicus.
Os entrevistados ainda refletem sobre o cenário atual e as
definições de circo. "Para mim, é muito difícil dizer onde começa o circo
contemporâneo e onde termina o tradicional. Depende do profissional decidir se
é circo ou não. Se você faz algo e acha que é circo, então para mim tudo bem. É
circo. É o seu circo", defende a artista sueca Louise Bjurholm.
Realizado pelo Sesc São Paulo o documentário Circo é... Circo
traz depoimentos dos artistas e trechos dos espetáculos das companhias
Circolombia (Colômbia), Circus Cirkor (Suécia), Cia Cíclicus (Espanha), Joan
Català (Espanha), Henrik & Louise (Suécia), Palhaça Rubra (Brasil), Circo
Mínimo (Brasil), Circo Escola Picadeiro (Brasil), Galpão do Circo (Brasil),
Escola de Circo de Londrina (Brasil), Circo Escola Diadema (Brasil), Escola
Pernambucana de Circo (Brasil), SP Escola de Teatro (Brasil), Escola Nacional
de Circo (Brasil), e Erva Daninha (Portugal).