Quando a Pena do Índio Escreve, episódio inédito da série “Super
Libris”, aborda a literatura indígena a partir de entrevista com o escritor e
professor paraense Daniel Munduruku, autor de 34 livros infantojuvenis.
Referência indígena e vencedor de vários prêmios no Brasil e no exterior,
incluindo Jabuti e Academia Brasileira de Letras, o escritor fala sobre o tema nesta
segunda-feira (27/06), às 21h, no SescTV, com direção geral do escritor,
cineasta e jornalista José Roberto Torero.
Munduruku conta que os indígenas começaram a escrever com o
intuito de levar para as crianças brasileiras conhecimentos sobre os povos
indígenas, e eles nem sabiam que o ato se chamava literatura. “Isso foi, aos
pouquinhos, sendo aprendido pela gente”, expõe. Para o escritor, a literatura
indígena é aquela escrita por autores índios, que possuem experiência de
sociedade indígena. Munduruku declara que a mitologia é um dos temas comuns na
escrita indígena, e alguns escritores, inclusive ele, recontam mitos de outros
povos indígenas. O professor diz que narra história a partir do seu ponto de
vista. “Não faço ficção em cima da história”, afirma.
Munduruku também fala sobre os escritores José de Alencar, que,
para ele, foi um dos primeiros a tentar escrever uma literatura indígena, e
Mário de Andrade, que ao escrever Macunaíma revela que o índio é um
ser com problemas como qualquer outra pessoa. Ele comenta ainda sobre o
crescimento da literatura indígena; sobre as pessoas e universidades que não
aceitam a ideia de existir esse estilo de escrita; e sobre a necessidade de
reforçar a literatura como indígena.
Além da entrevista, Munduruku participa dos quadros Pé
de Página, no qual responde sobre onde, como e porque escreve, e do Primeira
Impressão, em que sugere os livros Olho d´Água, de Roni Wasiry Guará; e Sapatos
Trocados, de Cristiano Wapichana.
O episódio traz também os quadros: Orelhas, sobre o
escritor Mário de Andrade; Prefácio, com Gabriela Romeu, jornalista e
documentarista, especializada em produções para crianças, que indica As
Fabulosas Fábulas de Iauaretê, de Kaká Werá Jecupé; Quarta Capa, que
apresenta a internauta Isa Vichi, do blog Lido Lendo, que indica o livro Cira
e o Velho, de Walter Tierno; e Colofão, com o professor e escritor Modesto
Carone, que traduziu toda a obra de ficção do escritor tcheco Franz Kafka.