Maria Adelaide Amaral, considerada uma das maiores
dramaturgas brasileiras, é a convidada da próxima edição do “Persona em Foco”.
O programa da TV Cultura vai ao ar nesta terça-feira (19/07), às 23h30, com
apresentação de Atílio Bari.
Somando-se as obras produzidas por Maria Adelaide Amaral,
entre livros, peças teatrais, novelas e minisséries, o número chega a
aproximadamente 60. Destas, 21 resultaram em reconhecidos prêmios, dentre eles
o Molière, APCA (Associação Paulista de Críticos de Artes), Apetesp (Associação
dos Produtores de Espetáculos Teatrais do Estado de São Paulo) e Shell.
Entrevistada pela atriz Tuna Dwek e pelo ator, diretor e
figurinista Leopoldo Pacheco, ela relembra passagens de sua trajetória de
atriz, jornalista, escritora e dramaturga. Nascida em Portugal, conta que sua
família se mudou para o Brasil por dificuldades financeiras. Aos 12 anos, chega
a São Paulo e instala-se na Mooca, indo trabalhar numa fábrica de camisas. ”Fui
despedida dois meses depois por incompetência. Minha mãe me perguntou o que eu
queria fazer. Disse que queria estudar. Como não tínhamos condições
financeiras, fui ser bolsista no colégio de freiras”, revela.
Maria Adelaide relembra que ouvia radionovelas ao lado de sua
mãe. Apaixonada pelas artes, foi procurar uma oportunidade na TV Tupi. “Cheguei
a fazer vários trabalhos, inclusive de vilã. É o que mais gosto de fazer. É
ótimo fazer vilã”, salienta.
Depois, como jornalista, conta que trabalhava na Abril
Cultural quando foi encenada Bodas de Papel, peça que marca sua estreia como
autora. Dirigida por Cecil Thiré, o espetáculo conquistou a crítica, vários
prêmios e o público. A dramaturga confessa que o sucesso a assustou: “Eu não
esperava. As críticas foram ótimas e ganhei vários prêmios. Peguei um avião e
fui para o Rio de Janeiro, me esconder na casa de uma amiga. Eu sabia que minha
vida mudaria. Eu não estava preparada para mudar”.
A autora ressalta a importância de Cassiano Gabus Mendes em
sua vida. “Eu estava sem dinheiro e o Cassiano Gabus Mendes me convidou para
fazer Meu Bem, Meu Mal. Devo ao Cassiano a mudança definitiva em minha vida.
Veio na hora certa, quando eu estava preparada para fazer televisão”, comenta.
Apesar de consagrada na TV, Maria Adelaide explica que nunca
pensou em abandonar o teatro. ”O teatro cria vínculos importantes e
permanentes... A televisão não dá isso... Sempre soube que o teatro é o lugar
de onde pertenço, onde comecei e vou terminar”, diz.
No final do programa, Maria Adelaide Amaral deixa um recado
para os jovens. ”Os dramaturgos têm que viver intensamente sem ter medo de
sofrer. Essas emoções são elementos de nutrição para escrever uma cena com
propriedade. A minha mensagem para os atores é coragem. Muitos serão chamados e
poucos serão escolhidos. Os escolhidos são os que perseveram mais. Nesta vida,
a gente recebe muito ‘não’. Eu mesmo recebi muitos ‘nãos’”, conclui.
O programa traz depoimentos de José Possi Neto, Edwin Luisi,
Irene Ravache, Ruth Rocha, Mauro Mendonça Filho, Alcides Nogueira, Silvio de Abreu,
Eliane Giardini e Fafy Siqueira.