O programa "Mariana Godoy Entrevista" desta
sexta-feira (22/07) recebeu o presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia
(DEM-RJ).
Maia atribuiu a sua eleição para comandar a Casa a alguns
fatores: "Confiança, lealdade, compromisso honrado, faz acordo e cumpre,
acho que foi um pouco isso. Construí uma relação de confiança com os outros
deputados". Ele concluiu: "Acabou gerando uma surpresa para todos, um
deputado de um partido menor conseguiu construir uma candidatura e ganhar a
eleição".
Um tema polêmico foi abordado pelo presidente da Câmara, as
alardeadas "reformas trabalhistas". Maia, então, fez algumas
observações sobre os pontos que mais têm sido debatidos nos últimos tempos: a
terceirização e a "sobreposição dos acordos coletivos às leis trabalhistas
vigentes no país". Para ele "as relações de trabalho não se
constituem apenas de relações diretas. A terceirização vai colaborar muito para
o Brasil superar a crise que vive nesse momento". Maia, seguindo uma linha
defendida pelo governo, fez uma afirmação que tem se tornado corrente entre os
defensores do mandato de Temer: "O ideal seria aprovar uma lei em que o
negociado prevalecesse sobre o legislado", ou seja, deixar que patrões e
empregados decidissem, de comum acordo, algumas questões que hoje são amparadas
por leis.
Rodrigo Maia acenou, também, para revisões nos programas de
financiamento estudantil e observou: "Às vezes você avança demais num
programa e a qualidade não vai junto." Ele se referiu às muitas
universidades que recebem dinheiro do governo nos programas que visam garantir
graduação aos brasileiros.
Filho do ex-prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia, Rodrigo
contou o que aprendeu com o pai: "humildade, respeito ao cidadão, respeito
ao servidor público". Ao falar dos servidores públicos, Rodrigo Maia fez
questão de frisar: "Apesar de sermos um partido mais à direita, mais
liberais, entendemos que nas ações fundamentais o Estado é determinante".
Provocado a voltar às questões trabalhistas, Maia considerou
que duas delas são fundamentais neste momento: "O projeto de lei da
terceirização e o projeto do negociado em cima do legislado. A gente não
precisa avançar além disso, porque vai gerar muito embate". Para ele,
"muita gente, porque não tem a legislação clara, vive em muita
dificuldade".
Rodrigo Maia sinalizou para medidas de proteção ao
empresariado: "A legislação tem que vir também para ajudar o empresário,
não só para defender os direitos dos trabalhadores". Entretanto, ele
reconheceu que muitos empresários se "escoram" nas leis para
prejudicar os funcionários: "Tem empresário que vai galopando, abre uma
empresa, não dá certo, abre outra".
Rodrigo Maia manterá medida criada na gestão de Eduardo Cunha
e não abonará as faltas dos deputados que não as justificarem. Antes, essa
função de abonar cabia aos líderes dos partidos. Para ele, essa mudança ajudou
a acelerar os trabalhos na Casa e a deixou mais produtiva. Ele enfatizou:
"Vamos organizar uma agenda, nós temos um objetivo. O que não pode é o
pessoal não querer trabalhar". Maia ainda garantiu: "A Câmara precisa
continuar se aproximando do cidadão".
O presidente da Câmara garantiu que a CPI do Carf não foi
encerrada: "A CPI do Carf continua existindo e tem um prazo para
apresentar o relatório". Ele foi além: "Uma CPI é muito importante e
não pode um parlamentar, mesmo que seja o presidente, definir sozinho".
Ele finalizou: "Eu não decido mais nada sozinho em relação a CPI".
Maia foi direto ao ser questionado sobre um possível retorno
de Dilma Rousseff à presidência da República de forma efetiva: "Eu não
trabalho com essa hipótese". Entretanto, ele tentou agir com a prudência
que sua nova atribuição exige: "Se isso acontecer, nós vamos continuar
dialogando". Maia fez questão de frisar que defende ideias opostas às da
presidente afastada e de seu partido, o PT, e criticou: "O PT trata a questão
de equilíbrio fiscal com uma visão ideológica".
Sobre a reforma da Previdência, Maia mostrou preocupação com
o tema e demonstrou o interesse de que seja discutido em breve. Ele citou
algumas mudanças feitas durante o governo do presidente Lula e afirmou que
devem surtir efeito somente em alguns anos. Ele preferiu não se aprofundar na
questão previdenciária que envolve servidores públicos e militares. Segundo
dados de 2013, cerca de um milhão de militares e servidores respondem pelo
mesmo déficit que 24 milhões de contribuintes "normais". Ainda assim,
Maia defendeu mudanças: "A reforma da Previdência não é uma questão de
querer prejudicar ninguém, ao contrário, o Brasil precisa organizar suas
contas".