“Vão ter quatro sepultamentos agora à tarde. Mas tem dia em
que são 10, 12 e assim vai”. A declaração é de um coveiro do cemitério São José,
o maior de Maceió (AL), a Caco Barcellos. Em um estado onde, de cada 13 vítimas
de homicídio, 12 são negras, não é difícil encontrar histórias de quem encara a
morte como algo banal. “A gente vê a banalização da vida; eles tratam aquilo
como atração turística, acontecimento no bairro”, conta o jornalista do
‘Profissão Repórter’, que, nesta quarta-feira (24/08), no “Profissão Repórter”,
revela dados de um levantamento exclusivo: de 898 homicídios em Alagoas,
ocorridos no primeiro semestre de 2016, dois eram de brancos.
“Nem as pessoas nem as autoridades tinham consciência disso.
Fizemos essa pesquisa e o que impressiona é a enorme impunidade envolvendo
casos de pessoas de baixa renda e negras”, explica Barcellos. Em outra capital
ainda mais violenta, São Luís (MA), o repórter Estevan Muniz acompanha o
trabalho dos socorristas do Samu e da delegacia de homicídios da cidade. Ali,
os casos de assassinato acontecem, na maioria das vezes, no meio da rua, na
porta da casa da vítima.
Na Bahia, a Praia do Forte é um destino muito procurado por
turistas. Mas é também parte do município de Mata de São João, que convive com
uma das maiores taxas de violência do país. O repórter Victor Ferreira teve
acesso aos boletins de ocorrência de 37 homicídios que aconteceram na cidade em
2014 e, segundo a promotora Luiza Amoedo, 32 mortes nunca chegaram a ser
comunicadas à Justiça pela delegacia local.
O ‘Profissão Repórter’ vai ao ar às quartas-feiras na TV
Globo, depois do Futebol.