O “Caminhos da Reportagem” investiga histórias de dor e
saudade provocadas pela morte materna nesta quinta (20/10), às 20h50, na TV
Brasil.
O programa conta o drama de cinco famílias em que as mulheres
perderam a vida por diferentes causas, mas todas com algo em comum: envolviam
gestação, parto ou puerpério. Os parentes revelam as dificuldades que essas
vítimas enfrentaram para obter atendimento médico e, agora, eles lutam por
justiça.
De acordo com o Sistema de Informação sobre Mortalidade, do
Ministério da Saúde, as principais causas de morte materna no Brasil são
hipertensão, hemorragia, doenças cardiovasculares, infecção no pós-parto e
aborto clandestino.
A atração jornalística da TV Brasil explica que a mortalidade
materna refere-se à morte de mulheres durante a gestação, o trabalho de parto
ou até 42 dias após o término da gravidez, no período chamado puerpério. É
causada por qualquer fator relacionado ou agravado pela gravidez ou por medidas
tomadas em relação a ela.
O Brasil não alcançou a meta de redução de mortalidade
materna recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de 35 mortes
para cada 100 mil nascidos vivos. Embora o país tenha conseguido reduzir os
índices, ainda registra, em média, 62 mortes para cada 100 mil nascidos vivos.
Os estados que lideram esses índices são Bahia, Pará, Maranhão e Rio de
Janeiro.
Segundo a presidente interina do Comitê Estadual de
Mortalidade Materna do Maranhão, Sílvia Viana, 85% dos casos são evitáveis. “É
isso que faz o problema ser alarmante, porque se tivermos medidas simples,
assistenciais e de atenção na atenção primária, na comunidade, com essas
mulheres e com as gestantes, sobretudo, a gente acaba com essa questão muito
séria”, afirma.
A equipe do Caminhos da Reportagem percorre o país para
apresentar histórias de famílias que sofreram com o desaso. Entre os casos está
a história de Nayres Rodrigues. A jovem de 19 anos vivia em Alcântara, no
Maranhão e, em 2015, faleceu durante o trabalho de parto. O bebê também não
sobreviveu.
A jovem mãe foi enterrada com o filho ainda na barriga e,
mais de um ano depois da morte dos dois, a família aguarda o laudo da exumação
do corpo e ainda busca entender o que aconteceu.
Ainda no Maranhão, o programa revela os desafios que as
gestantes enfrentam para ter acesso aos serviços básicos de saúde. Em locais
improvisados - como escolas e casas cedidas pelos próprios moradores -, a
equipe da Força Nacional de Saúde oferece atendimento à população do interior
do estado.
Catiane Alves, 25, é estudante, está grávida do sexto filho e
sua gestação é de alto risco. Além de ter de esperar a visita de algum médico
na região, precisa do irmão para levá-la de moto ao local do atendimento, que
acontece distante de sua residência.
“A gente observa, pelos povoados que a gente já andou, assim,
uma dificuldade de acesso ao serviço de saúde. Até pelo ambiente mesmo, que é
cheio de rios, dunas, o posto é longe, o pessoal não tem condição de se
deslocar”, diz a enfermeira Flávia Rodrigues, que atua na Força Nacional de
Saúde.
Ainda nesta edição, o Caminhos da Reportagem também vai
mostrar as iniciativas em prol da humanização dos serviços de saúde pública e,
ainda, relembrar a história de Alyne Pimentel, que faleceu aos 26 anos no
corredor de um hospital no Rio de Janeiro aguardando por um leito. Uma história
de omissão e descaso que levou o país a ser condenado pelo Comitê para a
Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres (CEDAW).