A TV Cultura exibe nesta terça-feira (25/10), às 23h30, o “Persona
em Foco” com a atriz Laura Cardoso.
Na atração apresentada por Atílio Bari, que tem como
entrevistadores o produtor Mauro Giafrancesco e o ator Zécarlos Andrade, Laura
conta passagens de seus 70 anos de carreira. Dos cerca de 123 trabalhos
realizados, muitos marcaram a história do teatro moderno brasileiro, da
televisão e do cinema.
Laura relembra que, aos 16 anos, contra a vontade de seus
pais, fez um teste para atriz de radionovelas na Rádio Cosmos, hoje Rádio
América, e foi contratada. Mas o nome de batismo, Laurinda de Jesus Cardoso,
não foi aprovado. Assim nasceu Laura Cardoso, como é conhecida até hoje.
A sua paixão pela arte de representar é imensa, tanto que
inúmeras vezes deixou de receber cachê. “Durante a semana eu fazia radionovelas
e aos sábados e domingos apresentava peças curtas em circos. O circo era tão
pobrezinho que eu não tinha coragem de receber a bilheteria. O importante era
estar em cena”, diz.
Relembra que trabalhou na Rádio Tupi, Rádio Cultura e passou
também pela Rádio Difusora, onde conheceu o ator Fernando Baleroni, com quem se
casou e teve duas filhas: Fátima e Fernanda. “A minha vida com Balleroni foi
muito boa. Eu não digo que durante o caminho ele não tenha olhado para outra
mulher. E que eu não tenha olhado para outro. É da vida. E é muito bom. No
final as duas pessoas solidificam a amizade e o companheirismo. A caminhada é
longa e durante a caminhada você olha para um lado e para outro. Mas tudo bem”,
comenta.
Ela também conta da sua trajetória no teatro e no cinema.
Lembra da estreia no teatro, em 1959, em Plantão 21, com direção de Antunes
Filho. E das diversas montagens importantes no teatro brasileiro, dentre elas,
Vereda da Salvação e Volpone, com direção de Antônio Abujamra.
Com uma carreira pautada pelo sucesso na televisão, que
contabiliza mais 78 novelas e minissérie, ela relembra que na Rádio Tupi sempre
pedia uma oportunidade. E que sua primeira aparição na televisão foi em
Tribunal do Coração, de Vida Alves. “Eu passava pela Vida Alves e dizia: ‘me
escala’. Passava pelo Cassiano Gabus Mendes e dizia: ‘me deixa fazer uma vez.
Se não gostar não faço mais’. Fui escalada por Vida. Depois Cassiano me chamou
para fazer Coração Sagrado na TV de Vanguarda. E ganhei meu primeiro prêmio na
televisão. E nunca mais parei, graças a Deus”, afirma.
Conta que o convite para ir para TV Globo foi de Daniel Filho
para a novela Brilhante, de Gilberto Braga. Laura, entre tantos assuntos,
ressalta a evolução da televisão brasileira. “Tudo que está nas televisões é
resultado da TV Tupi, que começou tanto no teleteatro, na música e no esporte.
Claro que não tínhamos tecnologia, que veio depois, mas tínhamos um amor, uma
garra para fazer. Tudo que existe hoje na televisão foi a turma que criou e
começou a fazer. O Rio diz que foram eles. Mas já disse pra eles que começou em
São Paulo”, frisa.
Ela fala sobre a dificuldade de adaptação do ator da TV
artesanal para a era tecnológica. ”É difícil para o ator de verdade. Ele tem
até uma certa resistência sobra a industrialização. O ator quer moldar e formar
seu personagem. Esse negócio de tecnologia eu e muito outros atores não
gostamos muito. Um dia estava fazendo uma cena dramática e, de repente, a
diretora parou a cena. Eu disse: ‘por que parou?’. Disse que teria que
pegar.... Eu disse: ‘não tem que pegar nada. Você tem que pegar eu. Pois sou eu
que estou dizendo o texto de verdade. Eu que estou inteira aqui. Você não pode
me cortar para fazer um close da bonitinha . Eu sou importante. Deixa eu terminar.
Importa o texto que estou dizendo e não a moça loura. Eu sou feia, mas estou
inteira aqui’”, finaliza.
O programa conta com depoimentos de amigos e profissionais
que trabalharam com a atriz, como Vida Alves, Rolando Boldrin, Claudio Fontana
e Antunes Filho.