Ele é um dos autores mais experientes da televisão
brasileira. Começou a carreira em 1951, quando a televisão tinha acabado de
chegar ao país, e já atuou em muitas funções. Passados 65 anos, 15 novelas e
muitos outros trabalhos na TV e no teatro, como autor, diretor, produtor e até
ator, Manoel Carlos reflete sobre a carreira e sobre o seu modo de trabalhar no
‘Ofício em Cena’ desta terça-feira (25/10), às 23h30, na GloboNews.
Prestigiado por uma plateia lotada de estudantes e
profissionais do meio, como a atriz Lilia Cabral, Maneco explica o tipo de
trabalho que gosta de fazer. “Dizem que eu faço uma dramaturgia realista,
naturalista, mas eu não acho nada disso. Procuro apenas fazer uma coisa
verossímel”, explica.
E para exemplificar o tipo de novela que faz, cita uma
situação cotidiana entre novos vizinhos que ainda não se conhecem. “Você se
apresenta, oferece um café, começa a conversar, ela vê a foto da sua família,
pergunta o que você faz... Pronto, a novela já começou. Eu me preocupo que seja
assim, um bate-papo”, afirma.
Ao trazer o cotidiano para as telas, Manoel Carlos quer que
as pessoas se reconheçam em suas histórias e reforça a tese de que suas novelas
não são rígidas e que mudanças podem acontecer ao longo do percurso. “Novela é
que nem um carro, só começa quando você liga o motor. Não penso muito no que
vou escrever. A audiência tem muita importância, a repercussão também, vejo se
as pessoas gostaram, se está bem amarrado e vou construindo para dar certo. E
mudo muito com as sugestões das pessoas”, revela.
Conhecido colecionador de notícias curiosas divulgadas pela
imprensa, Maneco revela que a ideia para a troca dos bebês em ‘Por Amor’ veio
daí. Ele leu no jornal a notícia de que, no interior do Ceará, uma mãe que
havia dado à luz no mesmo dia que a filha trocou os bebês ao saber que o neto
tinha morrido.
“A troca de bebês foi um acontecimento porque ninguém
acreditou que aquilo fosse possível. A Regina Duarte me ligou perguntando se eu
achava mesmo necessário colocar essa cena. Foi uma comoção geral na época.
Essas coisas parecem absurdas mas são muito possíveis”, reflete o autor, quase
20 anos depois.