Em tributo
ao escritor Ferreira Gullar, que faleceu neste domingo (04/12), a TV
Brasil reapresenta nesta quarta (07/12) e quinta-feira (08/12), às 22h,
a série documental Há Muitas Noites na Noite. A produção recria
a saga do poeta no exílio durante os anos da ditadura militar no país.
Com direção
do cineasta Silvio Tendler, o programa é inspirado no "Poema
Sujo" (1976), a mais ousada e polêmica obra do jornalista, crítico e
dramaturgo maranhense, imortal da Academia Brasileira de Letras.
Em sete
episódios, a atração traça um panorama sobre o período em
que Gullar viveu longe do país por meio dos depoimentos
de artistas, amigos e intelectuais.
A série
mescla animações, músicas, leituras, documentos e
ilustrações. Para lutar contra o regime militar, o
autor possuía como armas apenas caneta e ideias materializadas como
poema e literatura.
A TV Brasil
exibe os quatro primeiros episódios de Há Muitas Noites na Noite nesta
quarta-feira (7) e os três últimos na quinta (8), sempre às 22h.
Organizada
em sete episódios, a série documental Há Muitas Noites na Noite registra
a trajetória pessoal e política de Ferreira Gullar, desde 1964, quando ele
integrou o Centro Popular de Cultura da UNE,passando pelas
resistências artísticas no Brasil, com o Grupo Opinião e o Teatro
de Arena, até seu exílio na Rússia e em alguns países da América
Latina. Ainda recorda todas as dificuldades e tristezas decorrentes
da distância da família e amigos.
Em 1975,
durante o exílio em Buenos Aires, longe da mulher e dos filhos que haviam
retornado para casa, Gullar resolve escrever o que considerava ser
sua última obra. “Poema Sujo” foi trazido por Vinícius de Moraes numa fita,
transformado em manifesto e publicado em 1976, numa noite de autógrafos sem a
presença do autor. A série da TV Brasil se encerra no ano de 1978,
quando Ferreira Gullar volta ao país e é interrogado e
torturado pelo DOPS, um dia após o seu desembarque no Rio de Janeiro.
Há Muitas
Noites na Noite conta com a participação de vários intelectuais,
artistas e amigos que utilizavam a arte para transmitir suas ideias políticas,
através de depoimentos, leitura de trechos do poema, ou mesmo cantando.
Estão
presentes nomes como Agildo Ribeiro, Sérgio Cabral, Zelito Viana e Vera de
Paula, Maria Bethânia, João das Neves, Raimundo Fagner, Eduardo Galeano, Eric
Nepomuceno, Alcione, Amir Haddad, Eduardo Tornaghi, Elisa Lucinda, Sergio
Britto, Edu Lobo, Cecília Boal, Pedro Luis, Zeca Baleiro, Antonio Carlos
Secchin, Cacá Diegues, Cecil Thiré, Ziraldo, Zuenir Ventura, entre outros.
O projeto da
série teve início em 2010, antes mesmo de Silvio Tendler estrear a
videoinstalação homônima.