O programa “Caminhos da Reportagem” traça um panorama sobre a
violência praticada dentro da sala de aula a reflete sobre a autoridade do
professor na edição desta quinta (16/03), às 22h, na TV Brasil. A matéria ainda
apresenta alternativas para lidar com as dificuldades da educação no país.
A situação é parecida em muitas instituições de ensino
brasileiras: na sala superlotada, o professor está diante do quadro-negro e de
costas para os estudantes. A gritaria se instala e ele é obrigado a parar a
aula para resolver conflitos.
Muitas vezes o educador ainda precisa se defender de
agressões que podem ser verbais ou físicas. "Já tive problemas com
racismo, com um aluno referindo-se a mim como macaca", declara Érica Cruz,
professora de História da rede estadual de ensino em Minas Gerais.
A reportagem "Ao Mestre, com violência" mostra o
exemplo de vários profissionais que enfrentara situações delicadas em sua
rotina: o professor que foi morto em Belo Horizonte e a professora que parou de
trabalhar durante um ano por depressão.
A equipe da emissora pública entrevista um professor, que
teme se identificar. Ele abandonou o colégio onde lecionava após ser ameaçado
pelo tráfico de drogas. Tudo começou quando ele chamou a atenção de um aluno
que portava cocaína. "Pedi exoneração do cargo, porque a vida da gente
vale mais do que qualquer mil e poucos reais", explica.
A professora Lucimara Fagundes é enfática. "Em todas as
escolas que já passei, sempre tem alguém que toma remédio contra ansiedade. Em
uma delas, quando entrei, um professor tinha surtado. A sociedade não está
vendo que o professor está adoecendo, devido à violência gerada contra ele
dentro da sala de aula", critica.
Depois de ter seu nariz quebrado devido a uma agressão de
aluno, o professor Walter da Rocha e Silva abandonou a profissão e foi morar
nos Estados Unidos onde trabalha como pizzaiolo. "Vi armas e drogas dentro
de sala de aula. Já vi um monte de coisa, mas tinha que ficar calado para não
criar um problema maior para mim", conta.
Apesar do contexto repleto de percalços, o “Caminhos da
Reportagem” apresenta possibilidades para ajudar a relação do corpo docente com
os estudantes. O programa mostra uma solução que a diretora de uma escola
pública municipal de São Paulo trouxe de Portugal.
Coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação,
Daniel Cara também indica alternativas. "Uma educação de qualidade se dá
em uma escola pacífica. Isso não significa que é uma escola sem conflitos, pelo
contrário; é uma escola em que os conflitos existem mas são resolvidos dentro
do ambiente escolar", defende.