O “Caminhos da Reportagem” discute os medos e as fobias na
edição desta quinta (23/03), às 22h, na TV Brasil. Dos medos mais comuns, como
o de altura e de dentista, às fobias mais desconhecidas, como a hilofobia, que
é o medo de florestas, passando pelo temor a insetos como baratas e lagartas.
Para quem sofre não há medo maior ou menor. Todos merecem
atenção e podem ser tratados. O programa jornalístico também aborda estresse
pós-traumático e síndrome do pânico bem como debate as diferentes formas de
tratamento.
Considerado importante para a preservação das espécies, o
medo faz parte do processo evolutivo, como explica o psicólogo Maurício
Neubern. "Um animal, para sobreviver, precisa ter alguma coisa de medo
porque assim ele aprende a localizar perigos. Então, o medo em si não é bom nem
ruim, ele faz parte de um processo evolutivo que, para as espécies, ensina a prudência.
E no caso do ser humano é a mesma coisa. Você está andando num lugar e você vê
de repente que o lugar está todo escuro, a princípio você não vai. Você se
preserva", diz.
No entanto, quando evolui para uma fobia, ou seja, um medo
acentuado, frequentemente representa perdas para o indivíduo e pode trazer
prejuízos para as relações sociais e de trabalho, por exemplo. O psiquiatra
Rafael Boechat explica que as fobias são classificadas como um tipo de
transtorno de ansiedade e que o diagnóstico é dado pela relação entre o perigo
que o agente fóbico representa e o medo que a pessoa sente.
"A pessoa com fobia tem uma reação totalmente
desproporcional àquela situação, ao perigo. Por exemplo, se uma pessoa tem
fobia de barata e você a coloca de frente para uma barata, ela vai ter uma
reação fisiológica, uma reação física, taquicardia, coração acelerado,
palpitação, suor, medo mesmo, pavor como se tivesse de frente de um leão, de
uma cobra, de um agente realmente agressivo", destaca Boechat.
Especialistas afirmam que uma fobia pode se desenvolver por
uma predisposição genética, por padrões de comportamentos, de aprendizado ou
por traumas vividos. A jornalista Gabriela Ribeiro Leão cresceu no sítio da
avó, onde havia grande diversisade de árvores frutíferas e muitas lagartas.
Uma delas caiu no ombro de Gabriela e hoje ela não consegue
ver o animal nem na televisão. "Olha, não é frescura. Muitas pessoas acham
que é frescura, mas não é. Minha pressão cai, eu tenho tontura, me dá náusea,
me dá enjoo, ânsia de vômitos, as mãos suam frio, eu fico trêmula",
descreve a jornalista.
Além de mostrar o sofrimento das pessoas com fobias, o
Caminhos da Reportagem ainda apresenta a diferença entre fobia, estresse
pós-traumático e síndrome do pânico, e também discutir as diferentes formas de
tratamento. A equipe do programa jornalístico da TV Brasil conversa com
psiquiatras, psicólogos e terapeutas de linhas diversas como a terapia
cognitivo-comportamental, florais de Bach, EMDR, hipnose, além do uso de
medicamentos.
A produção também visita cursos especializados para pessoas
com medo de água e trânsito, por exemplo. Com as técnicas certas, alguns alunos
e pacientes descobrem que é possível conviver com seus medos, sem grandes
perdas na vida.