Com árvores de raízes profundas, que absorvem a água da chuva
e a deposita em reservas subterrâneas – os aquíferos –, o cerrado brasileiro é
considerado o berço das águas. O bioma, presente em 15 estados brasileiros, não
conta com rios caudalosos, mas suas nascentes alimentam oito das 12 bacias
hidrográficas do Brasil. “O fato de ser berço não significa que tem muita.
Porque quem ocupa o berço ainda é pequenininho”, compara o pesquisador Jorge
Werneck, da Embrapa Cerrado. Nesta quinta-feira (20/04), às 22 horas, na TV
Brasil, o “Caminhos da Reportagem” analisará a fauna e flora do cerrado.
No cerrado nascem as águas que alimentam, por exemplo, as
bacias dos rios Tocantins, Parnaíba e São Francisco. No entanto, esse berço
está ameaçado pela ocupação desordenada do solo e desmatamento do bioma, seja
para a construção de cidades e ferrovias, ou por atividades econômicas como a
agropecuária. Estima-se que pelo menos 50% da vegetação nativa tenha sido
destruída desde os anos 1970. Como consequência desse desmatamento, ocorre o
desaparecimento de nascentes e rios.
A fragilidade do cerrado foi atestada na Emater de Goiás. “O
cerrado é um bioma dentro de vários biomas. Por exemplo: buriti. Ele nasce nas
veredas alagadas. A mangaba: nos altos de serra e no terreno arenoso. Então, o
pacote tecnológico que você faz para a mangaba não serve para o buriti. O que
você faz para o buriti não serve para a mangaba”, explica a engenheira agrônoma
Elainy Pereira, que criou um bosque com espécies do cerrado em Goiânia.