Na reprise do “A Arte do Encontro” que vai ao ar nesta
quarta-feira (26/04), às 21h30, no Canal Brasil, Bárbara Paz assume o lugar de
Tony Ramos e realiza aquela que seria a última entrevista de Hector
Babenco. O diretor morreu no dia 13 de
julho de 2016, vítima de uma parada cardiorrespiratória. O papo entre os dois,
que viviam juntos desde 2007, foi gravado dois meses antes da morte do
cineasta.
“O meu convidado é o meu parceiro, meu amigo, o meu poeta, o
meu maestro, o grande, o simples, meu eterno Hector Eduardo Babenco”, diz
Bárbara, ao apresentar seu convidado.
Ela recita um dos primeiros poemas que enviou ao diretor
argentino, quando os dois se conheceram, e eles debatem a beleza e a crueldade
do tempo.
“Uma beleza um pouco ingrata e triste o tempo, porque o tempo
significa uma vida vivida e a inexorabilidade do tempo é finita, enfim você vai
acumulando números, o corpo vai enferrujando um pouco, é uma constatação diária
de que você não é hoje o que era há um ano atrás, nem dez anos atrás, nem um
dia, ontem”, reflete Babenco, que continua: “Isso provoca uma descoberta
contínua, diária, que de alguma forma nos enriquece cada vez mais e de outra
forma nos isola do fluxo de vida, de referência, de crescimento”.
O diretor lê poemas de sua autoria, que começou a escrever
por volta dos 15 anos, e fala da amizade com o escritor Jorge Luis Borges,
morto em 1986. “Ele me deu a compreensão cabal de que a vida é cheia de
mistérios”, afirma.
Babenco também responde à pergunta da apresentadora sobre a
morte. “Como posso enxergar algo que não estou vendo? Como posso dizer algo
sobre algo que não sei o que é? Não dá pra brincar com a palavra quando se fala
de algo tão sério que é deixar de existir. Eu quero ela longe de mim”, conclui.