O jornalista e escritor Arthur Dapieve é o convidado de
Raphael Montes no programa “Trilha de Letras” desta quinta-feira (22/06), às
21h30, na TV Brasil, que conta com a presença da também jornalista Katy
Navarro.
O bate-papo aborda a relação do jornalismo com a literatura
na trajetória do profissional de imprensa. O trio comenta o que leva muitos
jornalistas a se aventurarem no universo dos livros com obras de ficção e outros
gêneros literários. Dapieve explica como esses profissionais conciliam o trabalho
nas redações com a carreira de escritor.
Raphael Montes pergunta a Dapieve se a linguagem jornalística
prejudica ou ajuda na produção textual de ficção. "Depende da ficção que o
jornalista-escritor pretende criar", comenta ao destacar a perspectiva de
muitos profissionais que ingressam na faculdade de Jornalismo ou Letras e
seguem carreira jornalística em busca de "burilar o texto".
Além da entrevista com Arthur Dapieve no estúdio, o programa
Trilha de Letras traz depoimentos da pesquisadora Cristiane Costa e do escritor
e jornalista Marcus Veras que ajudam a traçar um panorama sobre o assunto.
Durante a conversa, Dapieve discute o limite entre o
jornalista e o escritor bem como a relação entre a prática do jornalismo e
redação literária. "A história do jornalismo no Brasil é bem ligada à
história da literatura no país. Muitos passaram pelas redações. É difícil
desvincular", explica o experiente autor e jornalista.
O programa Trilha de Letras apresenta ainda a visão de outros
profissionais sobre a relação do jornalismo com a literatura. A pesquisadora
Cristiane Costa afirma que existe uma combinação nessa produção textual.
"Não há um limite claro entre o texto jornalístico e a narrativa literária",
comenta a jornalista e escritora.
Para Marcus Veras, é preciso revisitar a história para
entender essa relação. "O jornalismo é um irmão muito mais novo que a
ficção. A escrita acompanha a humanidade há milhares de anos e o jornalismo
começa nascer a partir do tipo móvel de Gutemberg na passagem do século XV para
o XVI", explica.
Ele destaca como esse vínculo fica mais forte no século
passado. "Na medida em que o jornalismo foi crescendo e a imprensa tomando
corpo começou uma aproximação entre os literatos e os jornais. Isso se
complementa no século XX quando surgem os grandes jornalistas-escritores como
Ernest Hemingway, João do Rio, Nelson Rodrigues, Carlos Heitor Cony. Esses
jornalistas viviam um outro mundo da profissão em que o tempo real não era tão
decisivo na hora do seu trabalho", esclarece Marcus Veras.