O SescTV exibe pela primeira vez o documentário “Tudo Vai
Ficar da Cor que Você Quiser” (2014 - 1h15min.), dirigido por Letícia Simões. A produção conta a história do poeta,
jornalista, músico e artista plástico Rodrigo de Souza Leão, que sofria de
esquizofrenia e morreu em 2009, aos 43 anos de idade, em uma clínica
psiquiátrica, ao sofrer uma parada cardíaca. Em seu acervo, um romance e
diversos poemas delineiam a esquizofrenia.
O filme estreia neste sábado (14/10), às 22h, e traz
depoimentos do próprio escritor, de familiares e de pessoas ligadas a ele de
alguma forma. Além disso, contempla material de arquivo e obras do artista carioca.
“Eu comecei escrevendo poesia, mas na verdade eu nunca quis
ser escritor, meu plano era ser vocalista”, confessa Rodrigo em um áudio. “Arranho
muito pouco o violão, gosto de compor”, completa o artista que teve uma banda
nos anos 80 e tocava no Circo Voador, um espaço cultural localizado no bairro
da Lapa, na cidade do Rio de Janeiro.
O poeta iniciou na literatura logo após seu primeiro surto de
esquizofrenia, aos 23 anos de idade. Nessa época, uma brincadeira feita por
colegas de trabalho, pedindo que fosse procurar um carbono pautado, deixou-o
estressado, desencadeando os sintomas. Começou a ficar em casa escrevendo
ficção sem parar. “Ele não saía mais, tinha medo de tudo e foi indo até se
aposentar”, comenta sua mãe Maria Silvia. A brincadeira resultou no livro
Carbono Pautado (2012), que tem trecho encenado no documentário. Para sua irmã
Maria Dulce, esta é a criação mais verdadeira de Rodrigo. “Ele conta realmente
mais dele”, afirma.
O artista, que a princípio usava máquina de datilografia,
pegou gosto por novas tecnologias. “Ele era uma pessoa multimídia”, fala Bruno,
irmão do escritor. Computador, filmadora e aparelho de mixagem tornaram suas
principais ferramentas de trabalho. Rodrigo gostava de produzir vídeos e mixar
som e, na internet, editava revistas literárias e mantinha o blog Lowcura.
Inteligente, irônico, debochado e engraçado são algumas das qualidades
atribuídas a ele por aqueles que o conheceram.
O documentário também fala sobre as internações do artista.
Após voltar de uma delas, escreveu Todos os Cachorros São Azuis (2008), drama
no qual descreve personagens da clínica. “Quando ele chega neste livro,
encontra os procedimentos de narrativa que queria, o registro da linguagem”,
revela o poeta Leonardo Gandolfi.
A produção mostra, ainda, a carta que o escritor deixou para
a família e seu lado artista plástico. Segundo seu pai, Antônio, o filho
admirava muito o pintor Jean-Michel Basquiat. “Os quadros do Rodrigo são muito
semelhantes”, comenta. Para a poetisa
Suzana Vargas, Rodrigo levou a literatura para seus quadros.