A jornalista Roseann Kennedy entrevista o ator Leonardo
Miggiorin nesta segunda-feira (23/04), às 21h15. A entrevista, que aborda
assuntos como cultura, redes sociais e até psicologia, vai ao ar pela TV Brasil
no programa Conversa com Roseann Kennedy.
Durante o papo, ele fala sobre a dificuldade de fazer cultura
atualmente no país. "Não é só a questão cultural que tá difícil, né? O
Brasil tá difícil! Parece que a gente tá passando por uma catarse, com essa
coisa da purificação. Então vamos tirar a poeira debaixo do tapete e primeiro
olhar para essa poeira e ver como a gente vai limpar isso. Então é um processo
longo, de décadas", revela.
Atualmente, o ator está em cartaz em São Paulo com a peça
"O louco e a camisa" em que faz o papel de um filho contestador que a
partir de suas maluquices desmascara a hipocrisia em núcleo familiar.
Mesmo crítico em relação à situação vivida no país, Leonardo
mostra-se otimista. "A minha fala é através da arte. A bandeira que eu
levanto é a bandeira humanista, de agregar, não de segregar. Tá na hora da
gente se mexer e fazer um mundo melhor", diz.
Em tempos de superexposição nas redes sociais, em que não
faltam opiniões e julgamentos de todos os lados, o convidado faz um alerta para
as notícias falsas e rebate a intolerância na web. Apesar do excesso de
opiniões, ele vê na internet um ambiente democrático.
"Eu penso antes de falar, penso antes de postar alguma
coisa. Mas acho que todo mundo tem necessidade de ter voz. Então a rede social
hoje preenche uma lacuna. Hoje todo mundo pode falar. Não sei se todo mundo vai
ser ouvido, se todo mundo vai ser lido, porque tá todo mundo mais interessado
em postar do que ler", comenta.
Mineiro, nascido em Barbacena, Miggiorin sempre teve na
família o apoio para explorar a sua pluralidade artística. Leonardo se dedicou
à música, tocou teclado, violão, já foi líder de banda, se lançou à pintura e
teve programa de rádio. O ator também é formado em psicologia. "A
psicologia está na minha vida e sempre esteve. Até pelos meus personagens,
pelas histórias todas que eu gosto de contar e de estudar", revela.
"O que me fascina no mundo são as relações, as pessoas,
as emoções, toda a experiência humana. Tanto na arte como na psicologia. Mas na
arte eu me expresso emocionalmente e extravaso as minhas emoções. Eu transformo
a mim mesmo primeiro e com essa transformação eu posso vir a transformar
alguém", completa.
Leonardo revela estar mais conectado com as coisas simples da
vida e consciente de seu tempo. "Eu já fui muito mais ansioso e tive muito
mais medo do que eu tenho hoje. Eu já quis tudo", afirma.
Para o ator é preciso aceitar o tempo e a limitação das
coisas. "É procurar entender que não vai dar pra falar tudo nessa
entrevista. Não vai dar pra fazer tudo nessa vida. Tem algo que é do
silêncio", enfatiza. E parafraseando o escritor Guimarães Rosa, Leonardo
conclui com uma indagação: "O senhor sabe o que é o silêncio? É a gente
mesmo demais!".