A brasileira Rosaly Lopes, que trabalha como cientista na
Nasa, a agência espacial norte-americana, e é uma das principais investigadoras
de indícios de vida em Titã, a segunda maior lua do sistema solar, que orbita
Saturno, é a entrevistada do jornalista Moisés Rabinovici, no programa “Um
olhar sobre o mundo”, que vai ao ar nesta segunda-feira (09/07), às 22h15, na
TV Brasil.
Como especialista em geologia e vulcanologia, Rosaly Lopes
procura sinais nos astros por meio de instrumentos e sondas da Nasa. É a líder
da equipe de pesquisadores da agência que estuda astrobiologia. Especializou-se
em buscar vulcões nesses pontos explorados à distância e descobriu nada menos
que 71 deles em uma lua de Júpiter. Além disso, já explorou praticamente todos os existentes na Terra.
Com isso, Rosaly entrou no livro Guiness de recordes por ter descoberto mais
vulcões ativos do que qualquer outra pessoa no mundo.
Rosaly Lopes, além de pesquisadora da Nasa, atualmente também
é redatora-chefe da revista de ciência planetária Icarus, antes sob a
responsabilidade do astrofísico Carl Sagan. Segundo ela, a pesquisa da vida em
outros planetas e luas tem muito a ver com o conhecimento que se adquire na
exploração do interior da Terra. Ela explica que os cientistas estão fazendo
esse estudo específico dos vulcões de Titã
para descobrir se há formas de vida que podem se desenvolver ali.
"Titã é um satélite que tem uma camada de gelo acima de
um oceano de água líquida. Nós achamos que, como nos oceanos da Terra, lá
também tem vulcões", explica. A equipe integrada pela brasileira procura
sinais químicos que indicariam algum traço de vida no vulcanismo, na superfície
e na atmosfera. "Então, sempre que fazemos estudos sobre outros planetas,
temos que comparar com a Terra porque a Terra é o que conhecemos",
assinala. Por isso, Rosaly já esteve em nada menos que 63 vulcões em nosso
planeta para observar e avaliar o comportamento dessas formações.
A cientista prevê que a humanidade está se aproximando do dia
em que vai estabelecer colônias em outros lugares como Lua e Marte. "Eu
não quero dizer que vai ser nos próximos cinco ou 10 anos. Mas eu acho que isso
é parte do futuro da humanidade, estabelecer colônias em outros lugares. É só
você pensar que, por exemplo, há 200 anos não podíamos imaginar colônias na
Antártica e agora temos muitas bases lá", argumenta. Ela considera
maravilhoso o trabalho de exploração espacial e acha que esta é a realização
mais importante de sua geração.
Rosaly explica como se faz a pesquisa à distância dos
acidentes geográficos de um lugar distante como Titã. "Não é só com
fotografias. Nós temos outros instrumentos que estiveram na sonda Cassini. O
instrumento que eu usei mais e ainda uso é o radar. Além disso há câmeras,
espectrômetros, altímetros", diz a cientista.
Ao analisar a situação do programa espacial brasileiro a
pesquisadora da Nasa afirma que nosso país tem bons cientistas que trabalham
com dados de missões espaciais, embora ainda esteja no início do projeto de
enviar naves para o espaço. " Eu acho que agora é possível o Brasil
construir instrumentos que podem ir em naves estrangeiras. Espero que no futuro
o Brasil possa mandar missões a outros planetas", comenta.
A pesquisadora salienta a importância da educação nas escolas
sobre as questões do espaço e que acredita que acompanhar o desenvolvimento das
missões pode servir como inspiração para as novas gerações se envolverem com
ciências, informática e tecnologia, que são áreas em crescimento.