Durante os meses de janeiro e fevereiro, o SescTV apresenta
episódios inéditos da minissérie “O Cinema Sonhado”. Dirigida pelo cineasta Ugo
Giorgetti, a produção, que conta com quatro partes, rememora o cinema paulista
a partir de depoimentos de cineastas formados nos grandes estúdios da década de
1950, e de ex-alunos da ECA - Escola de Comunicação e Artes da USP.Nesta
sexta-feira (08/02), às 20h, vai ao ar ECA, terceiro episódio da minissérie.
O episódio trata do cinema político. Logo após a descoberta
do cinema publicitário pela geração anterior, foi criado em 1967 o curso de
cinema da Escola de Comunicações Culturais - que dois anos depois, tornou-se a
Escola de Comunicações e Artes da USP. Entre seus fundadores estavam relevantes
pensadores e realizadores como Rudá de Andrade, Maria Rita Galvão, Jean-Claude
Bernardet e Paulo Emílio Salles Gomes.
Ao contrário da companhia Vera Cruz, que ambicionava um
cinema internacionalizado, a ECA queria produzir um cinema nacional, mais
nacionalista, inspirado no Cinema Novo que se fazia no Rio de Janeiro e,
principalmente, nos moldes dos Modernistas paulistas com os quais o historiador
e crítico de cinema Paulo Emílio Salles Gomes manteve laços de convívio e
amizade. O Brasil era um dos principais assuntos do cinema e essa novidade foi
acatada com entusiasmo pelos jovens estudantes.
Segundo Ugo Giorgetti, a motivação que os fundadores da
Escola de Cinema da USP tinham era fazer com que o cinema contribuísse de
maneira relevante no registro da história do Brasil. “O espírito que
congregava, no esforço de criação do curso era produzir um cinema político”,
reforça o professor de cinema Carlos Augusto Kalil. Para ele, a ECA mantém até
hoje a tradição de fazer um cinema político e anti-mercado.
Entre tantas curiosidades sobre a época trazidas pelo
episódio, a técnica de acervo Olga Futema comenta da sorte e privilégio que sua
geração teve, ao estudar na ECA. “Eu assisti O Encouraçado Potemkin e Outubro,
ao lado do Paulo Emílio e Boris Schneider, que traduzia as cartelas do russo,
simultaneamente”, relembra Olga.
A Escola de Comunicação e Artes da USP também recebe destaque,
na minissérie, como lugar de encontro de uma geração importante para o
audiovisual brasileiro. Para falar sobre a ECA, Ugo Giorgetti contou com
depoimentos de profissionais como André Klotzel (produtor e diretor), Claudio
Khans (produtor), Carlos Augusto Calil (professor de cinema), Francisco C.
Martins (diretor), Alain Fresnot (diretor), Suzana Amaral (diretora e
roteirista), Guilherme Lisboa (produtor), Pedro Farkas (diretor de fotografia),
Olga Futema (técnica de acervo), Isa Castro (diretora do Museu da Imagem e do
Som de São Paulo), Zé Bob (diretor de fotografia) e Ricardo Dias (diretor e
roteirista). Todos esses profissionais narram suas aproximações iniciais com o
cinema e os primeiros anos do curso de cinema da ECA USP.