O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro,
afirmou que o Estado precisa retomar o controle dos presídios e pôr fim ao
domínio das facções nas penitenciárias em entrevista à jornalista Roseann
Kennedy na estreia do programa “Impressões” que vai ao ar nesta terça-feira (16/04),
às 23h, na TV Brasil.
"Isso significa, muitas vezes, ampliar o sistema
carcerário, mas também reformar as prisões já existentes. Significa
investimentos. Existe um problema de crise fiscal, mas nós temos que tentar
resolver", afirmou Moro.
Moro ressaltou que a criminalidade não se resolve da noite
para o dia e destacou que o Ministério está agindo em várias frentes. Uma das
medidas é a elaboração de um projeto piloto que será implementado em cinco
cidades e deve começar no segundo semestre deste ano. O trabalho envolverá a
coordenação de esforços da União, estados e municípios. Contará com a atuação
da Força Nacional e integrará ação policial e políticas sociais e urbanísticas
no enfrentamento ao crime.
"Tem a famosa frase que o melhor policial é um poste de
luz. Então você vai numa área degradada e olha, qual é problema ali? Não é
simplesmente tirar o criminoso violento da rua. Isso é importante. Mas a gente
precisa, também, restaurar áreas que estejam degradadas, pensar em políticas
educacionais específicas", pontuou.
O ministro defendeu a política adotada nos presídios federais
e sobre a rejeição em algumas unidades da federação para abrigar essas
instalações disse que "há um certo temor, muitas vezes irracional",
pois o preso está dentro da prisão, está controlado. Ele lembrou, ainda, que "vivemos
num país único e é preciso que todos cooperem".
Sérgio Moro disse esperar que o Congresso vote até o fim
deste ano o pacote anticrime e admitiu a possibilidade de aprimoramento da
matéria durante as discussões. "É natural que dentro do Congresso haja um
tempo de deliberação. Haja possibilidade de aprovação total ou rejeição
parcial", disse.
Embora defenda que sua atuação no Ministério seja técnica,
Moro sabe que agora também precisa fazer articulação política e diz que não há
problema nisso. "Não tem nada negativo de ter a necessidade de conversar,
de dialogar, de convencer, de ouvir bastante, pra implementação dessas
políticas públicas. Isso eu acho algo natural", avaliou o ministro.
Ele revelou estar gostando da proatividade no Executivo e
que, por hora, não sente saudades do trabalho de magistrado. "Como juiz a
sua postura é muito mais passiva. Você decide as questões que as pessoas
colocam perante o juiz. Como ministro eu posso ter iniciativa e coordenar
políticas públicas mais abrangentes", explicou.
Na linha da proatividade, neste mês Sérgio Moro abriu uma
conta no Twitter. Em quinze dias, já tem mais de 600 mil seguidores. Ele
avaliou que é uma boa forma de ter uma comunicação direta com a população via
rede social, sem a necessidade de intermediação da mídia tradicional.
"Veja que a imprensa tem um papel essencial. A imprensa
livre é fundamental para uma democracia. Agora isso não impede que sejam
adotadas outras formas de comunicação", concluiu.
Mas Sérgio Moro também sabe que as redes sociais, muitas
vezes, têm um ambiente belicoso e aconselha: "Tem de tomar um pouco de
cuidado. Não pode ter aquele duplo padrão de comportamento, em que você é um
fora da rede social e dentro da rede social você se transforma. Tem que pensar
assim: você falaria para aquela pessoa isso que você está escrevendo na rede
social se estivesse frente a frente?"
Com os memes ele não se incomoda e até sorri das
brincadeiras, desde que não sejam de mau gosto. "Aquela pessoa que não
consegue rir de si mesmo tem algum problema", analisa.