Nas últimas décadas, os evangélicos se tornaram os apoiadores
mais entusiásticos de Israel depois dos próprios judeus. No Brasil, nos Estados
Unidos e em outros países, evangélicos elegem líderes que apoiam o
estabelecimento de assentamentos na Cisjordânia e defendem o reconhecimento de
Jerusalém como capital indivisível do Estado judeu, além de fomentar relações
econômicas com a região.
Mas por que um grupo de cristãos que vive a milhares de
quilômetros do Levante está tão interessado na política secular de Israel? É
essa questão que o próximo “Um olhar sobre o mundo” procura responder com a
participação do especialista Gedeon Alencar.
Doutor em ciências da religião pela PUC-SP e membro da Rede
Latino-americana de Estudos do Pentecostalismo e do Grupo de Estudos do
Protestantismo e Pentecostalismo, o convidado participa do programa apresentado
pelo jornalista Moisés Rabinovici na madrugada desta terça (23/04) para quarta-feira
(24/04), à meia-noite, na TV Brasil.
Alencar explica que a origem desse movimento está entre o
final do século XIX e começo do século XX, com o surgimento da doutrina
teológica do dispensacionalismo. "É uma doutrina que tenta estabelecer
planos pragmáticos e etapas da ação de Deus", explica. Segundo o
estudioso, livros como "Israel, Gogue e o Anticristo" foram
particularmente importantes para disseminar essa perspectiva no Brasil e ligar
o pensamento cristão ao Estado moderno de Israel.
O entrevistado questiona a validade teológica dessa
confluência entre profecias religiosas e eventos históricos. "Quando você
lê os registros historiográficos da época, em tese, todas as profecias já
tinham se cumprido e Jesus estava prestes a voltar, mas não voltou",
comenta.
Moisés Rabinovici e Gedeon Alencar também discutem a relação
entre a imagem ideal que os cristãos têm de Israel e a realidade secular do
país, além de analisar o papel do contexto econômico no interesse dos
evangélicos na região.