Nesta terça-feira (03/09), às 23h30, no programa “Trilha de
Letras”, a apresentadora Katy Navarro bate um papo com o escritor carioca
Miguel del Castillo sobre os chamados “romances de formação”, vertente de
romance em que o leitor acompanha diferentes momentos na vida de um
protagonista e seu amadurecimento ao longo da obra.
Castillo ainda conta como concebeu seu primeiro romance,
"Cancún" (2019, Companhia das Letras), que narra a pré-adolescência e
vida adulta de um jovem no Rio de Janeiro. O escritor optou pelo uso de duas
vozes narrativas – primeira e terceira pessoas – para trabalhar os distintos
momentos da história do personagem.
De acordo com o autor, o uso da primeira pessoa foi um modo
de “fazer o personagem olhar para a própria história. Isso evidencia uma certa
construção psicológica. E quando se torna terceira pessoa, você consegue narrar
um pouco de fora o que está acontecendo. A escrita do presente, em primeira
pessoa, também é uma maneira quase diarística de você escrever pensamentos ou
emoções”, observa.
O programa da TV Brasil conta ainda com depoimento da
escritora Carola Saavedra, para quem “o romance de formação passa por um ideal,
por uma ideia que essa cultura tem do que é tornar-se adulto. Por definição,
começa contando a história de uma criança ou de um adolescente e vai
acompanhando esse personagem no decorrer dos anos. Então, é sempre um romance
sobre como você se torna adulto. E, é claro, vai depender de o que é tornar-se adulto
e para qual cultura”.
Quando perguntado a respeito de suas influências literárias,
Castillo diz ter tido leituras importantes em sua formação. “Tive ótimos
professores de literatura, que traziam os clássicos, mas também coisas
diferentes. Na faculdade, li muito Clarice Lispector e Jorge Luis Borges, são
dois autores que talvez tenham me acordado para a possibilidade de escrever
ficção”, revela.
O quadro Leituras traz um trecho de “Ponciá Vicêncio”, da
escritora Conceição Evaristo (editora Pallas, 1999).