Nesta terça-feira (03/09), às 22h30, na TV Brasil, uma edição
inédita do “Caminhos da Reportagem” mostra a atuação de equipes no maior
projeto de extensão universitária do Brasil: o Projeto Rondon. Durante duas
semanas, estudantes e professores de instituições de ensino superior
percorreram cidades selecionadas pelo projeto no Acre e no Piauí, onde
desenvolveram atividades junto à população.
Entre os trabalhos realizados estão as visitas domiciliares,
palestras e oficinas. No Piauí, por exemplo, a população de Inhumas aprendeu
sobre reciclagem e professores conheceram os diversos usos de materiais que
podem ser reaproveitados para a criação de objetos lúdicos, como fantoches.
A professora Maria de Moura Ferreira conta que, na oficina de
reciclagem, descobriu ser capaz de criar diferentes objetos para trabalhar com
seus alunos em sala de aula. “Todos os professores deveriam sempre motivar as
crianças com reciclados”, comenta.
Iniciado em 1967 e inspirado no Marechal Cândido Rondon –
conhecido por sua atuação junto aos indígenas e por explorar uma parte até
então desconhecida do Brasil – o Projeto Rondon chegou a ser extinto em 1989,
mas voltou à atividade em 2005, sob coordenação do Ministério da Defesa.
Para Dênis Marcelo Carvalho, professor de Saúde Coletiva da
Pontifícia Universidade do Rio Grande do Sul (PUC/RS), o Projeto Rondon é uma
paixão antiga. Prova disso está na sua atuação: este ano, ele participou pela
24ª vez.
“Na maioria das instituições de ensino superior, a extensão é
considerada o patinho feio. Ela não traz dinheiro, ela gasta”, explica o
professor. “A pesquisa traz dinheiro, então, há uma ênfase nas universidades no
sentido de trabalhar com pesquisa. E extensão, que é a devolutiva para as pessoas
do saber que a universidade produz, é muitas vezes relegada a um segundo plano”,
completa.
Em Bujari, no Acre, foram realizados debates e oficinas sobre
violência, feminicídio, câncer e autocuidado. Os moradores de Porto Acre
ficaram atentos às informações sobre desnutrição, plantas medicinais e uso de
agrotóxicos.
A agricultora Luzia Almeida Soares aprendeu sobre o uso de
plantas medicinais e, principalmente, os cuidados que se deve ter ao utilizar
agrotóxicos. Para a estudante de medicina Jade Pereira, da Universidade Federal
do Amazonas, “o projeto tem esse intuito de levar um pouco do que se aprende na
faculdade para essas pessoas que não têm tanto acesso à informação ou algum
conhecimento científico”.
A atuação no Projeto Rondon é voluntária e os participantes
falam sobre a realidade que encontram em cada município e o trabalho junto às
comunidades de baixa renda. “Ser rondonista é ter brilho no olho, amor ao
próximo e querer muito aprender com outras pessoas”, define o estudante de
administração João Vitor Severo, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná.