Nesta segunda-feira (14/10), ás 23 horas, o SescTV exibe o
episódio Morte e Finitude, da série Filosofia Pop, apresentada pela filósofa e
escritora Marcia Tiburi e dirigida por Esmir Filho. O tema é discutido pelo
historiador e mestre em ciências da religião Vagner Marques e pela atriz,
cantora (MC) e poetisa Roberta Estrela D´Alva.
Em Morte e Finitude, os convidados falam sobre como os
sentidos atribuídos a vida que se finda são diferentes de acordo com a época
que se vive. Vagner Marques comenta que houve um processo de aceleração da
percepção do tempo no século XIX, sobretudo no Ocidente, intensificando-se no
século XX a partir de 1914, com a Primeira Guerra Mundial.
De acordo com ele, esta rapidez se estendeu até 1990 com o
fim da Guerra Fria, quando houve a possibilidade da humanidade se extinguir com
um apertar de botão e explica: “A bipolaridade entre Estados Unidos e União
Soviética, comunismo e capitalismo, e a ideia de que o mundo ia acabar e não
acaba, leva a uma aceleração que eu percebo que estamos vivendo hoje: a ideia
de que o mundo não vai ter mais fim e de que nós podemos superar a morte”.
Marcia Tiburi acredita que a finitude pode ser pensada a
partir da forma e dos recursos que as pessoas utilizam para se relacionarem com
a morte. “No sentido de fim de tempo. Não só do tempo da vida que se finda, mas
das coisas, da expectativa da vida, das experiências que terminam. A gente
morre muitas vezes ao longo da vida”, esclarece a filósofa.
Roberta Estrela D´Alva, que, aos 18 anos de idade perdeu uma
irmã de 16, vítima de câncer, vê o ambiente da morte como algo curioso por
interferir nos aspectos sociais da comunidade que está em volta daquele que
parte, como: a lida com a espera, o tempo, a memória e a matéria. “Tudo isso
junto foi muito marcante, influenciou a minha vida para sempre e a relação que
eu tenho com a morte e com a arte que eu pensei a partir daí. Uma experiência
tão cedo assim contamina tudo, ou edifica tudo”, expõe a atriz.
O episódio aborda, ainda, a morte no aspecto religioso,
destacando a ambiguidade que há, principalmente no cristianismo, ao pensar na
finalização da existência de uma pessoa; as questões da vida após a morte, do
suicídio e do aborto; o porquê dos seres humanos se distanciarem da meditação
sobre a morte; sobre caminhos que levam a pensar na aceitação desse fim; o
holocausto urbano que há nas periferias; o feminicídio; o racismo; e o medo da
morte.