Gravado no Sesc Santo André durante o Festival Batuque 2018,
o show do Mano Brown, rapper e vocalista paulistano do grupo Racionais MCs,
será exibido pelo SescTV nesta quarta-feira (04/12), às 22h. Ele toca desde
canções do Racionais MCs até músicas feitas em parceria com outros cantores,
como Naldo Benny, Devasto, BK, Djonga, Emicida, Rael e Rincon Sapiência.
Em entrevista, o artista argumenta sobre a importância do
batuque e da percussão em seu trabalho, elementos que surgiram na construção do
seu estilo antes mesmo do rap chegar ao Brasil, de fato. “Quando comecei,
achava que percussão era tudo relacionado a tambor e batida, e o rap eu não
sabia classificar o que era. Depois percebi que os melhores rappers
[internacionais] cantavam de forma percussiva. Aqui [no Brasil] era algo
desconhecido”, explica.
Ele comenta, ainda, sobre como uma apresentação do grupo
estadunidense de hip hop Run-D.M.C no MTV Awards mudou sua vida e o fez decidir
seguir a carreira atual. “Eles tinham presença, já no Brasil o racismo fazia
com que as pessoas preferissem se esconder”, resgata o cantor.
Mano Brown revela, também, seu interesse pelo cinema e, com
isso, como começou a fazer música com história - a primeira foi Mano na Porta
do Bar, faixa do álbum Raio X do Brasil (1993). “Eu costumo pensar que meu rap
é cinema: gosto de situar as pessoas com aquilo que já viram antes; não pode
ser totalmente vago e abstrato. Não sei como é essa linguagem, meu trabalho é
concreto”, observa.
Como referências cinematográficas, ele cita filmes como
Pixote, a Lei do Mais Fraco (1980), de Héctor Babenco; O Homem da Capa Preta
(1986), de Sérgio Rezende; Cidade de Deus (2002), de Fernando Meirelles e Kátia
Lund; e Boyz n the Hood (1991), de John Singleton.
Questões de racismo e religião no País também foram
discutidas por Brown, além de relembrar da dificuldade que os fãs tiveram de
aceitar seu projeto solo Boogie Naipe (2016), por medo da banda Racionais MCs
acabar. Ele explica que nunca teve o sonho de gravar um disco sozinho para ser
livre pois tem essa sensação dentro do grupo.
Neste show, o rapper se apresenta ao lado dos MCs de apoio Dri,
Big da Godoy e Ylsão Negredo, e dos dançarinos Ronaldo e Willian. No repertório
estão as composições de sua autoria: Mil Faces de Um Homem Leal (Marighella);
Eu Sou 157; Da Ponte Pra Cá; Quanto Vale o Show?; Finado Neguin; Jesus Chorou;
Homem na Estrada; e Vida Loka (Parte II), além de músicas feitas junto com
outros compositores, são elas: Diário de Um Detento, com Jocenir; Benny e
Brown, com Naldo Benny; e Céu é o Limite, com Devasto, BK, Djonga, Emicida,
Rael, Rincon Sapiência.